BRASÍLIA
( DF) - Artistas que mantêm vivas tradições
culturais brasileiras como bumba-meu-boi, jongo, maracatu
e chula vão se reunir no Seminário Nacional
de Políticas Públicas para as Culturas Populares,
que se realiza de hoje até sábado, em Brasília,
para traçar um plano de apoio às variadas manifestações
artísticas do País. No evento, a Secretaria
da Identidade e da Diversidade Cultural (SID) do Ministério
da Cultura (MinC), que promove o encontro, pretende discutir
as regras de um projeto de R$ 2 milhões do MinC, dinheiro
que poderá ser pleiteado por artistas das variadas
expressões da cultura popular.
Segundo o secretário de Identidade e da Diversidade
Cultural, o ator Sérgio Mamberti, o edital do projeto
será lançado em março e poderá
ser disputado por artistas que tenham projetos voltados para
a transmissão do saber cultural e a manutenção
dos grupos aos quais estejam vinculados. "Com esse seminário,
queremos dar um impulso aos projetos do governo cujo objetivo
será patrocinar a cultura popular para que esse nosso
tesouro seja conservado", afirmou Mamberti.
Para a organização do evento, a secretaria
promoveu 15 oficinas em várias cidades, que reuniram
cerca de mil artistas ligados à cultura popular, como
forma de preparar a discussão. "Pudemos concluir
algo surpreendente: apesar do bombardeio da televisão,
as manifestações culturais resistem porque têm
uma força brutal", disse Mamberti. "Mas nós
sabemos que é necessária uma ação
coordenada do Estado para que essas manifestações
não morram e sejam assumidas pelos jovens", acrescentou.
"Temos de mostrar aos jovens que a cultura não
é algo apenas dos seus pais", disse o secretário.
Segundo ele, o MinC procurou montar um programa com uma ação
integrada de apoio às manifestações artísticas
populares. "No governo Lula, o apoio a essas culturas
deixou de ser pulverizado e passou a ser coordenado."
No seminário, 16 representantes de manifestações
culturais, entre música e dança, vão
se reunir no Complexo Cultural Funarte. Para o evento, foi
organizada a exposição Da Cabaça, o Brasil:
Natureza, Cultura, Diversidade, que mostrará cuias
e cuités usados pelos brasileiros de norte a sul do
País que servem de utensílios para cozinha,
para a confecção de instrumentos musicais e
para as brincadeiras populares.
Várias apresentações marcam o evento.
Para a abertura, estão previstas as apresentações
das Orquestras Nzinga de Berimbaus e de Cavaquinho de Cabo
Frio. Haverá ainda a Noite de Violas com artistas tocando
violas nordestinas, de cocho e caipira, apresentações
de rap, de cantigas de roda, de capoeira, de chula e malambo.
Está prevista ainda a participação do
coral †ande Mbaraete, composto por 40 pessoas, entre
meninos e meninas de 12 a 16 anos, que utilizam instrumentos
musicais, como o mbaraka mirim (chocalho), o anguapu (tambor),
mbaraka guaxu (violão com afinação guarani)
e a rawé (rabeca com afinação guarani).
O encerramento terá o show O Bater do Coração,
do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. Artistas
do grupo Bumba Meu Boi Fé em Deus, que há 73
anos preserva a tradição do maranhã,
e da Banda Papoula, manifestação artística
baiana que explora a música reggae, também fazem
parte da programação.
GILSE GUEDES
do O Estado de S. Paulo
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