|
Brasil
sediará este ano pelo menos 159 eventos de negócios,
quatro vezes mais
do que na década de 90
O mercado brasileiro de feiras de
negócios vai movimentar este ano R$ 3,4 bilhões.
Em 16 anos, o mercado quadruplicou de tamanho. Em 1992 foram
realizadas 38 feiras. Este ano serão pelo menos 159,
a maior parte concentrada em São Paulo.
Considerada a capital das feiras de
negócios, São Paulo abrigará 119 eventos.
É uma feira a cada três dias. Este ano cerca
de 5,2 milhões de pessoas devem visitar uma ou mais
feiras de negócios no País, cerca de 250 mil
a mais em relação a 2007.
“A feira é um espelho
da economia e principalmente da indústria, que desde
o ano passado tem apresentado bom desempenho”, diz o
diretor superintendente da União Brasileira dos Promotores
de Feiras (Ubrafe), Armando Arruda Pereira de Campos Mello.
Os planos da Reed Exhibitions Alcantara
Machado, a maior promotora de eventos do País, dão
uma medida do ritmo do mercado. Criada em 2007 a partir de
uma parceria entre a Alcantara Machado, a mais antiga empresa
nacional de feiras, e a Reed Exhibitions, maior organizadora
de eventos do mundo, a companhia quer duplicar seus negócios
nos próximos três anos.
Com a joint venture , a empresa planeja
entrar em meia dúzia de cidades novas este ano e investir
em outros pólos de desenvolvimento. “Nos últimos
três anos a expansão da empresa tem sido de 25%
ao ano em média”, diz o presidente da Reed Exhibitions
Alcantara Machado, Juan Pablo de Vera. Ele revela que no próximo
ano abrirá entre três e cinco negócios
e estuda 12 novos projetos.
O Grupo Couromoda, com eventos nas
áreas de calçados , medicina, odontologia e
beleza, investe no segundo semestre em um novo empreendimento.
Trata-se da Expo Outlet , uma feira de lojas de varejo com
produtos básicos ou de linhas passadas, nas áreas
de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis,
calçados, produtos de beleza.
Há quem comente que o evento, previsto para dezembro,
concorrerá com a Super Casas Bahia, que todo ano abre
uma loja gigantesca no Anhembi na mesma época. O presidente
da Couromoda, Francisco Santos, diz que a feira de outlet
é um nicho de mercado que ainda não atendido.
Os eventos que estão debaixo do guarda-chuva da Couromoda
têm crescido em torno de 10% ao ano.
Recorde
A expansão do mercado é perceptível
em várias áreas de negócios. A Hair Brasil,
especializada em cabelos, beleza e estética, por exemplo,
realizada em abril e que pertence ao Grupo CouroModa, aumentou
em 30% sua área de exposição este ano
e recebeu um público recorde de 75 mil visitantes profissionais.
É um crescimento de 23% em relação a
2007.
O diretor da Hair Brasil, Jeferson
Santos, diz que o maior número de lançamentos
da indústria e o aumento no número de salões
de beleza - são mais de 50 mil cadastrados só
na cidade de São Paulo - explicam o crescimento da
feira.
O presidente da Francal, Abdala Jamil
Abdala, responsável pela realização de
12 feiras de negócios, conta que há 11 meses
começou a vender espaço para a Abrin, feira
de brinquedos realizada em abril. “Toda a área
estava ocupada a um mês do evento. Nos anos anteriores
vendíamos espaços quase na abertura da feira
e às vezes sobrava lugar”, diz.
A Francal, realizada em julho e voltada
para a indústria de calçados, também
está quase toda tomada por expositores. Eles farão
lançamentos da moda primavera/verão. “O
movimento nas feiras está aquecido também porque
as exportações estão fracas com o câmbio
desfavorável. Como a concorrência está
maior no mercado interno, a feira ajuda a incrementar as vendas.”
Efeito Multiplicador
A movimentação desencadeada pelos eventos
vai muito além dos estandes dos expositores. A partir
de um pavilhão são fechados centenas de negócios,
envolvendo vendas internas e exportações, são
criados milhares de empregos e se incrementa o turismo na
cidade.
“O efeito multiplicador das
feiras vêm em ondas”, resume o presidente da Ubrafe,
Jorge Alves de Souza.
Só em São Paulo as feiras
de negócios, com 34 mil empresas expositoras, devem
movimentar este ano R$ 2,9 bilhões, sendo R$ 850 milhões
em locação e área para exposições,
R$ 850 milhões em serviços nos pavilhões
e R$ 1,2 bilhão em viagens, hospedagem, alimentação,
transportes e compras.
Os números do São
Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB) revelam que
do total de turistas brasileiros e estrangeiros que a cidade
recebe, metade vem a negócios. Eles permanecem 3,5
dias em média na capital e têm um gasto médio
diário de R$ 207. Turistas de lazer ficam cinco dias,
mas gastam menos, em torno de R$ 167,33 em média.
Vera Dantas
O Estado de S.Paulo |