'O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em São
Paulo, que o Programa Universidade para Todos (ProUni) é
uma prova de que é possível dar respostas rápidas
e eficientes aos problemas crônicos do país e
de que não há problema sem solução.
Falando para cerca de 5 mil jovens, de um total de 107 mil
alunos selecionados pelo projeto, o presidente pediu aos estudantes
que não desperdicem a oportunidade de cursar o ensino
superior. "Não joguem fora essa oportunidade.
Possivelmente vocês tenham problemas e, se tiverem,
procurem alguém para resolver. Não tem problema
que não tenha solução se a gente enfrentar",
discursou. "Se a bolsa 100% ainda for cara para vocês,
vamos tentar encontrar um jeito e vamos fazer com que ir para
a universidade não seja um castigo, mas uma coisa prazerosa",
afirmou.
Em discurso, ora de improviso ora lido, Lula ressaltou que
o país não pode considerar que investimento
em educação é gasto. "O Brasil,
quando faz um investimento desse (em educação)
não pode, em nenhum momento, aceitar a tese de que
estamos gastando dinheiro", disse. "Todo o dinheiro
que o Estado coloca na educação não pode
ser tratado como gasto, mas como investimento que trará
retorno", comentou, sendo interrompido por entusiasmados
aplausos.
Lula lembrou que todo o processo que envolveu o ProUni foi
realizado em quatro meses, da edição da Medida
Provisória, número 213/2004, à sanção
da lei. O programa oferece bolsas de estudo, parciais e integrais,
para alunos carentes em instituições privadas
de ensino superior. Mais de 530 mil estudantes se inscreveram
na primeira edição do ProUni, de um total de
112 mil vagas disponibilizadas pelo Ministério da Educação.
Anteontem, o MEC informou que há 5 mil vagas ociosas,
referentes a cursos que não interessavam aos candidatos.
Começo
Ao lado do ministro da educação, Tarso
Genro, e do prefeito de São Paulo, José Serra
(PSDB), Lula prometeu que o ProUni é "apenas o
começo de uma grande revolução"
que a educação brasileira precisa ter. "Até
porque não acredito que país nenhum do mundo
consiga ser desenvolvido se não acreditar na formação
da sua gente a partir do ensino fundamental."
Lula disse também que vai continuar trabalhando para
que toda a população tenha acesso ao ensino
gratuito. "Durante muitos anos tivemos o discurso histórico,
que nós defendíamos de forma categórica,
de ensino público e gratuito para todos. Esse é
um discurso que nós vamos continuar defendendo porque
é um sonho, uma utopia que nós podemos construir."
O presidente afirmou esperar que o Brasil possa se transformar
em exportador de conhecimento e tecnologia. "Nós
um dia poderemos estar reunidos não apenas para discutir
novo recorde na balança comercial. Quem sabe não
estará longe o dia em que o Brasil possa se transformar
em grande exportador de conhecimento e tecnologia", disse.
Lula falou aos estudantes selecionados pelo programa que
cada um deles carregará a capacidade e a responsabilidade
de fazer com que as mudanças em curso no País
continuem a ocorrer nos próximos anos. Ao lembrar que
não tem curso superior, Lula disse que o ProUni garantiu
também a ele próprio a possibilidade de ingressar
na universidade. "Quando deixar o governo quem sabe eu
não entre no ProUni para fazer a faculdade que não
fiz antes de me tornar presidente da República",
comentou, de novo interrompido por aplausos.
O ministro da Educação negou que a política
de cotas implantada no governo Lula seja populista. "Ela
é republicana, inclusiva e democrática",
defendeu Tarso
ANA PAULA SCINOCCA
do O Estado de S. Paulo
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