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saúde
27/04/2004
Serviço de urgência segue sem integração

A julgar pela fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de um séquito de ministros, o país viverá um cenário de Primeiro Mundo -pelo menos na área de urgências em saúde. Um telefonema gratuito ao 192 fará com que uma ambulância vermelha e branca esteja na porta da casa do paciente em menos de 12 minutos.

O desafio, no entanto, é racionalizar: fazer com que serviços semelhantes tocados pelos Estados atuem em sintonia com o programa do governo federal, que será gerenciado pelas prefeituras.

A oficialização, ontem, do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) federal se deu com a entrega de 252 ambulâncias em uma cerimônia na fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

A promessa é 480 veículos até o final do semestre e 1.480 no fim do ano. Até junho, serão beneficiados 229 municípios e 45,8 milhões de pessoas. Serão 32 centrais de regulação com médicos 24 horas, informação sobre a rede hospitalar e poder para garantir vagas. "O povo quer ser atendido quando precisa ser atendido. E médico é como polícia, quando você precisa, não acha", disse Lula.

O programa, que pode parecer novo, vem na verdade na esteira de 16 serviços que já atuam há anos dentro do mesmo princípio do Samu. A idéia segue um modelo francês que já era pregado em 1944. Aliás, em setembro passado, o Ministério da Saúde fez uma grande cerimônia em São Paulo para anunciar o programa -a pasta divulga que a novidade de ontem foi Lula oficializar o número 192 como telefone do serviço.

A maioria das 11 cidades até agora contempladas pelo Samu federal é governada pelo PT -o ministério alega que foram escolhidas porque já tinham o serviço. Nos 229 que serão atendidos, as cidades petistas são minoria, informou a pasta. Foram escolhidas aquelas que apresentaram projetos adequados, disse o ministro da Saúde, Humberto Costa.

Alguns Estados, como o Piauí, têm um maior número de cidades contempladas porque pequenos municípios formaram consórcios e apresentaram um único projeto.
O investimento do governo federal prometido para o primeiro ano é de R$ 297 milhões.

Concorrência
Costa prevê, pelo menos na fase inicial, uma dificuldade de integração e até mesmo uma "concorrência" entre Samu federal e o serviço dos Estados -a dualidade está presente na maioria das capitais, afirma. A idéia é levar a discussão sobre "como integrar" para o comitê gestor do serviço, também criado ontem. "Nós vamos construir isso."

Em São Paulo, por exemplo, o Samu já existe desde 1990 graças a uma ação conjunta das secretarias estaduais da Saúde e da Segurança Pública. Atende no 193.
Segundo Clara Whitaker, que coordena a área de urgências da Prefeitura de São Paulo, o município e o Estado, governados por PT e PSDB, respectivamente, ainda conversam sobre a unificação, assunto que se arrasta há anos.

De acordo com ela, antes de São Paulo aderir ao Samu federal, tinha pouco a oferecer no processo de integração, suas rede de urgências estava desestruturada e com ambulâncias quebradas, daí a demora. "A unificação vai racionalizar, melhorar o serviço."

Hoje, as centrais 192 e 193 ainda não têm uma comunicação on-line, explica, o que evitaria que duas ambulâncias atendam o mesmo caso, por exemplo.
Mesmo com a ajuda federal, a capital só atingirá o número ideal de ambulâncias, 131, no segundo semestre, disse ainda.

Costa afirmou que, no futuro, haverá integração ainda com aviões e helicópteros do Salvaéreo, da Aeronáutica, com as 115 ambulâncias e dez helicópteros da Polícia Rodoviária Federal, e todo o efetivo e equipamento do Corpo de Bombeiros, além dos serviços privados ligados às concessionárias das rodovias.

"Quando tomei posse, a impressão que eu tinha é que esse país estava na UTI. Hoje ele já está andando pelos corredores", disse ainda Lula na apresentação.
Na cerimônia, apenas uma falha, embora ilustrativa: para um presidente que veio anunciar um serviço de urgência, atrasar uma hora não foi um bom sinal.

AURELIANO BIANCARELLI
FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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