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Protesto
26/04/2004
Negros reivindicam cotas em programas habitacionais

Cotas para negros, títulos de posse para gays e lésbicas, educação ambiental e reciclagem de lixo. A agenda dos movimentos populares de moradia já não se contenta apenas com a obtenção do título de propriedade.

Ainda é difícil. Quando, no sábado, apareceu a proposta do grupo "Negritude" -"que os programas habitacionais dos governos federal, estaduais e municipais incluam o sistema de cotas para negros em 40%"-, foi uma pancadaria. Cinco pessoas se inscreveram para contestar.

Levantou-se o representante da Bahia: "Como 40%? Na Bahia, nós somos 80% da população. E agora vamos ter apenas 40% das casas que conquistarmos?" Ele mesmo explicava: "Defender cotas nas universidades até se entende. É um espaço de brancos. Mas moradia popular é coisa para a população pobre. Nessa área, nós já somos maioria. Não temos de disputar espaço". Discussão feita, a formulação final do encontro exige "um mínimo de 40% de negros nos programas habitacionais".

Outra demonstração de que as coisas vêm mudando foi a presença franca de gays e lésbicas na discussão de gênero. "Por que só famílias com homem, mulher e crianças têm o direito a ocupar, resistir, construir e ter um título de posse?", perguntava uma militante do movimento, defendendo que duplas de mulheres e de homens que vivam maritalmente tenham o direito a uma casa. Venceu uma formulação bem mais branda: "As (os) solteiras (os) têm direito à moradia".

A pauta "politicamente correta" do encontro nacional topa também com demandas bem mais dramáticas: no grupo de juventude, por exemplo, uma das principais preocupações refere-se ao que os sem-teto chamam de pós-moradia. "Há meninos que passaram a vida morando em cortiços, favelas e mesmo na rua. Eles precisam ser educados sobre como respeitar o patrimônio coletivo, têm de aprender a conviver", explicou uma militante. Aplausos.

O pós-moradia é o terror dos movimentos. "Invadir é a coisa mais fácil do mundo. Depois que a coisa está pronta é que o bicho pega", afirma um dirigente. Alcoolismo, drogas, depredações, maridos batendo em mulheres, desrespeito aos mais velhos ou simples falta de educação são pontos sensíveis. Por isso, todos os grupos temáticos insistiram na necessidade de "educar" os militantes para a nova vida.



As informações são da Folha de S.Paulo.

   
 
 
 

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