As escolas
públicas de ensino fundamental estão menos equipadas
do que as de ensino médio, se comparadas com as instituições
privadas. A conclusão é de um levantamento feito
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a
pedido da Federação Nacional das Escolas Particulares
(Fenep).
Levando em conta a existência de laboratório
de ciências, quadras de esporte, acesso a internet e
bibliotecas, a distância entre as redes de ensino, já
conhecida, mostra-se maior no ensino fundamental.
"A diferença de infra-estrutura e acesso a recursos
no ensino médio entre públicas e privadas não
é tão grande. Já no ensino fundamental,
sim. Aí as particulares estão bem mais à
frente nesses quesitos", afirma o coordenador de Análises
Econômicas da FGV, Salomão Quadros, responsável
pelo levantamento.
Aparelhando
Segundo Quadros, setor público está
se aparelhando. Mas, por enquanto, o hiato entre as redes
ainda é maior no ensino fundamental. "Acredito
que seja pela forma como foi expandida a rede de ensino fundamental
e a de ensino médio. Na primeira, a grande quantidade
de escolas por todo o País foi priorizada. No ensino
médio, houve preocupação maior com os
equipamentos."
O levantamento, chamado O Ensino Privado em Números,
foi feito com dados de 2003. Além das comparações
entre as redes, a pesquisa mostrou a participação
do setor na economia, a oferta de vagas, de salários
e a série histórica dos últimos cinco
anos em relação à expansão de
vagas e de alunos.
Existem no País 169.075 unidades de ensino fundamental
e 21.980 de ensino médio, entre públicas e privadas.
Padrões mínimos
Segundo o coordenador de padrões mínimos
nas escolas públicas do MEC, Rodolfo Costa, o ministério
exige que elas disponham de bibliotecas, laboratórios
de ciência, de informática com acesso a internet
e quadras esportivas, o que em grande parte das instituições
não ocorre, de acordo com o levantamento da FGV.
O Secretário Estadual de Educação, Gabriel
Chalita, explica que o ensino médio nas escolas particulares
oferece melhor estrutura pela preocupação em
relação ao vestibular. Já na rede pública,
a realidade é outra: faltam recursos. "Isso gera
atraso muito grande. Esses índices são vergonhosos."
Oferta maior, demanda menor
O coordenador do programa de melhoria e expansão
do ensino médio do MEC, Cesar Steinhorst, explica que
as autoridades públicas "potencializam os investimentos
no ensino médio", o que leva também a uma
deficiência na hora de receber os alunos que se formam
na 8.ª série.
O estudo mostra, como um dado preocupante, que as escolas
particulares têm detectado que a oferta de vagas vem
crescendo, enquanto a demanda diminui. De 1999 a 2002, cresceu
em 10% o número de estabelecimentos no ensino fundamental,
mas as matrículas diminuíram 1,3%. No ensino
médio, a mesma tendência: 11,2% e 8,3%, respectivamente.
As informações são da Agência Estado.
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