Cassia
Gisele Ribeiro
Especial para o GD
"A rejeição, tema de difícil percepção
porque demanda uma observação apurada do professor,
é responsável por boa parte da diminuição
da atuação de nossos alunos". A afirmação
foi feita em artigo de Zuleide Blanco Rodrigues, pós-graduada
em Educação pela PUC-SP e confirmada por uma
pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep), lançada no mês passado.
O estudo foi realizado a partir do cruzamento de dados do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) com o seu questionário sócio-econômico.
Uma das perguntas era: "Na sua turma você se sente
deixado de lado?". O Inep cruzou essa resposta com o
desempenho dos estudantes.
O exame foi aplicado, no ano passado, em uma amostragem representativa
de 300 mil alunos, da 4ª e 8ª séries do ensino
fundamental e da 3ª do ensino médio, dos sistemas
público e privado. Os estudantes fizeram provas de
língua portuguesa ou matemática.
Os dados mostraram que os alunos que afirmam sofrer rejeição
na escola, seja por parte dos colegas, seja por parte dos
professores, possuem um desempenho baixo no boletim. Na 4ª
série do ensino fundamental, 13% dos alunos dizem sofrer
rejeição sempre, por parte de professores e
colegas. Esses estudantes têm rendimento 22,86% abaixo
dos que não enfrentam esse problema.
Eles tiveram uma nota média de 145,30 pontos em língua
portuguesa. Os que disseram que nunca ou quase nunca sofrem
rejeição tiveram média de 178,51 (variação
de 22,86%). Para o diretor de Avaliação da Educação
Básica do Inep, Carlos Henrique Araújo, os números
mostram que é importante se criar um "clima escolar
harmonioso".
Para Zuleide, é tarefa do professor identificar e
interferir no problema. "Não posso dizer que seja
fácil, mas posso dizer que é passível
de se fazer com sucesso. É preciso que esse aluno seja
reintegrado ao meio educacional, equilibrado em suas atitudes
e satisfeito com a escola", diz.
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