Durante
a oficina sobre "Iniciativas de Economia Solidária",
os participantes discutiram o conceito de Economia Solidária.
Neemías Rodrigues, monitor de Educação
Comunitária do Senac São Paulo e coordenador
da oficina começou explicando que, no mundo atual,
no qual o desemprego cresce cada vez mais, a Economia Solidária
é uma alternativa para geração de trabalho
e renda.
A partir da exibição do vídeo Emprecorde
- uma espécie de telecurso elaborado pela Agência
de Educação para o Desenvolvimento, que tem
por objetivo despertar o EMPREendedorismo individual e coletivo;
incentivar a COoperação; estimular a formação
de REdes; e aprofundar a DEmocracia -, os presentes apontaram
os valores e princípios da Economia Solidária.
Entre eles foram levantados a cooperação, a
solidariedade e o trabalho em equipe e a horizontalidade.
Neemías apresentou a definição de Economia
Solidária proposta pelo atual Secretário Nacional
de Economia Solidária, Paul Singer: "é
um modo de organizar atividades econômicas de produção,
consumo e crédito, que almeja completar as igualdades
de direitos entre os que se engajam nessas atividades, através
de empreendimentos solidários de auto-gestão".
O coordenador da atividade disse ainda que os empreendimentos
solidários devem ser pautados na valorização
social do trabalho humano, numa relação de intercâmbio
respeitoso com a natureza, na gestão democrática
participativa, na riqueza entendida como riqueza humana e
social e não apenas material, na produção
sem exploração do trabalho do outro, na socialização
das dificuldades e ganhos, na superação do individualismo,
levantamento das capacidades e potenciais das comunidades,
na valorização do trabalho popular e na promoção
da democracia de etnia e gênero.
Neemías apresentou também o case da Associação
de Apoio ao Hiper-ativo, uma organização de
base comunitária que participa do Empório Social
e que montou um empreendimento solidário para a produção
de alimentos, a fim de gerar trabalho e renda para a comunidade
atendida e a alcançar a sustentabilidade da organização.
O monitor do Senac advertiu que não adianta capacitar
as pessoas para que montem empreendimentos solidários
se elas não se apropriarem dos valores da economia
solidária. Porque senão, os empreendimentos
não têm continuidade.
Uma das questões levantadas pelos participantes no
decorrer das discussões foi sobre a falta de respaldo
jurídico para a Economia Solidária. As cooperativas
- que são iniciativas de economia solidária
- possuem uma regulamentação, mas outras formas
de economia solidária, como os clubes de trocas e de
compras, não têm regras, o que às vezes
dificulta seu aprimoramento ou crescimento.
A questão ficou sem uma resposta definitiva. "Precisa
legalizar empreendimentos solidários? Sim! Ou não!",
sintetizou Lourdes Alves, gestora do Empório Social.
Ela disse que, como a discussão sobre o que significa
a economia solidária no Terceiro Setor é muito
nova, permite a dúvida.
No final da oficina, o grupo falou sobre a proximidade dos
empreendimentos solidários com as redes sociais e com
o desenvolvimento local integrado e sustentável. Neemías
explicou que "quando os empreendimentos solidários
atuam isoladamente, eles viram empreendimentos do mercado,
iniciativas do Segundo Setor. Mas quando vários empreendimentos
solidários atuam em rede, eles podem pressionar o poder
público e promover o desenvolvimento local". Lourdes,
então, durante a plenária final de apresentação
das oficinas, fez um convite para que a platéia se
juntasse em torno de uma rede de discussões sobre Economia
Solidária.
LAURA GIANNECCHINI
do site Setor3
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