Em Limeira,
interior de São Paulo, o Programa Educação
Para o Trabalho, entrou, recentemente, para o orçamento
do município, tornando-se política pública
pela primeira vez no Brasil. Desenvolvido pelo Senac de São
Paulo desde 1996, o Programa tem por objetivo capacitar adolescentes,
visando sua inserção no mundo do trabalho. Durante
o curso, os jovens aprendem Informática, conceitos
de Saúde, Comunicação, Atendimento ao
Cliente, entre outros. Ao final do programa, eles são
encaminhados para um rápido estágio em empresas
privadas, para que se familiarizem com o ambiente de trabalho.
Desde sua implantação, o Programa Educação
Para o Trabalho atendeu cerca de 35 mil jovens em todo o Estado.
Estima-se que, seis meses após a conclusão do
curso, 40% deles consigam ingressar no mercado de trabalho.
No município de Limeira, o Programa existe há
sete anos. Até 2002, ele era realizado pelo Senac mas,
em 2003, teve início uma importante parceria, que hoje
resulta na inserção do Programa Educação
Para o Trabalho no orçamento da cidade. Trata-se do
convênio firmado com o Centro de Promoção
Social do Município (Ceprosom) - uma autarquia municipal,
que desde 1975 desenvolve atividades socioeducativas para
adolescentes de baixa renda de 12 a 17 anos e 11 meses.
Trajetória
De acordo com Luciana Micheletti Torres, assistente social
e coordenadora de projetos de mercado de trabalho do Ceprosom,
a instituição sentia que, depois que os adolescentes
saíam do Programa de Atendimento à Criança
e ao Adolescente em Processo de Inclusão Social, eles
não tinham perspectiva de melhoria de vida, pois dificilmente
ingressavam no mercado de trabalho. Para superar essa deficiência,
era necessário montar um projeto visando a profissionalização
dos jovens.
Conhecendo os resultados do Programa Educação
Para o Trabalho, o Ceprosom propôs a criação
de um novo projeto, o Protagonista da Cidadania, que aliaria
o atendimento psicológico e socioeducativo ao adolescente
e o acompanhamento familiar que já era realizado pela
entidade, ao Programa Educação para o Trabalho
do Senac.
A proposta foi apresentada para o Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), que aprovou
seu financiamento em 2003, abrindo 105 vagas para jovens.
O Senac, por sua vez, manteve ainda mais duas turmas de Programa
Educação Para o Trabalho, com recursos do Programa
Agente Jovem, do governo do Estado.
Em 2004, a iniciativa continuou sendo financiada pelo Conselho
Municipal. Paralelamente, as organizações deram
início ao programa de Aprendizagem em Comércio,
Bens e Serviços, que formava jovens para atuarem na
área de comércio e serviços. Mas para
2005, era necessário buscar um novo financiador. E
foi por isso que o Ceprosom e o Senac procuraram a Prefeitura,
propondo a inserção do Programa no orçamento
municipal. A iniciativa foi aprovada e, no final de 2004,
o Programa Educação Para o Trabalho virou política
pública municipal, oferecendo 90 vagas.
Futuro promissor
Embora nada ainda esteja confirmado, é provável
que o Programa Educação Para o Trabalho continue
como política pública do município até
2009. Neste ano, será votado o plano plurianual e,
de acordo com Silvana Bortolin Nóbrega, diretora técnica
do Ceprosom, o Programa tem boas chances de permanecer no
orçamento, já que vem alcançando resultados
positivos. Ela considera que o Programa Educação
Para o Trabalho é uma medida efetiva porque trabalha
com uma visão preventiva e não emergencial,
o que contribui para a inclusão social real do adolescente.
O coordenador do Programa Educação para o
Trabalho do Senac Lusimar Guimarães, avalia o fato
de o Programa Educação Para o Trabalho ter virado
política pública em Limeira como um "reconhecimento
do poder público para a necessidade de oferecer aos
jovens de baixa renda uma formação voltada ao
mundo do trabalho, que a escola não dá conta".
Ele acrescenta que a participação cidadã
também é incentivada através do Programa
Educação Para o Trabalho, já que, para
se formarem, os jovens devem realizar projetos, identificando
oportunidades de intervenção para a melhoria
da qualidade de vida em sua comunidade.
Lusimar considera que seria "sensacional" se o
Programa Educação Para o Trabalho virasse uma
política pública nacional, porque os recursos
aumentariam e, conseqüentemente, haveria ampliação
do número de jovens atendidos. Ele acredita que a experiência
de Limeira pode servir de exemplo para outras cidades, mas
diz que, por enquanto, o Senac está priorizando as
parcerias com as empresas privadas e não tanto com
o poder público.
Segundo dados do Ceprosom, dos 105 jovens que participaram
do Programa Educação Para o Trabalho em Limeira
no ano de 2003, 47 conseguiram ingressar no mercado de trabalho.
Em 2004, 67 adolescentes (dos 170 que participaram tanto do
Programa Educação Para o Trabalho quanto do
Aprendizagem em Comércio, Bens e Serviços) conquistaram
o primeiro emprego.
Para Joyce Luana da Silva Santos, 16 anos, que participou
dos dois programas e está fazendo estágio no
Senac, essa experiência vai contribuir muito para sua
inserção no mercado de trabalho. "Aprendi
a ter mais iniciativa, falar corretamente, como me apresentar
e portar em uma entrevista, entre tantas outras coisas que
podem me ajudar a conseguir um emprego", diz.
De fato, o gerente do Senac de Limeira, Mario Augusto dos
Reis, confirma. Segundo ele, muitos empresários da
região dizem que, se os adolescentes que contratam
não tivessem a referência do Programa Educação
Para o Trabalho, certamente não seriam contratados.
LAURA GIANNECCHINI
do site setor3
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