Para
um governo que tem como meta erradicar o analfabetismo até
2006, o primeiro ano do governo Lula pode ser praticamente
descartado do ponto de vista dos resultados apresentados.
De 2002 (último ano do governo FHC) para 2003, o número
absoluto de analfabetos na população com mais
de 15 anos caiu em apenas 11.104: eram 14.655.605 em 2002
e passaram a ser 14.644.501 em 2003.
Em parte, esse resultado pode ser explicado porque o programa
Brasil Alfabetizado foi lançado oficialmente em setembro
do ano passado, apenas um mês antes da data de coleta
dos dados sobre a educação da Pnad (outubro).
O número, no entanto, foi muito inferior à redução
verificada em outros anos. De 2001 para 2002, a queda no número
de analfabetos foi de 302 mil e, de 1999 para 2001 (não
houve Pnad em 2000), a queda foi de 453 mil.
Para o secretário de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade do MEC, Ricardo
Henriques, os dados da Pnad de 2003 ainda não podem
ser considerados na avaliação da ação
do governo no combate ao analfabetismo: "É absolutamente
impossível captar qualquer efeito do Brasil Alfabetizado
na Pnad de 2003 porque o programa foi lançado em setembro
do ano passado e os primeiros recursos começaram a
ser transferidos no mês seguinte".
Para Henriques, a queda na taxa de analfabetismo vem seguindo
uma tendência constante desde 1980. "Se continuarmos
nesse ritmo, o Brasil só chegará a padrões
argentinos [3% de analfabetismo] em 20 anos. O que temos como
meta é acelerar esse ritmo, mas os efeitos da nossa
ação só deverão aparecer na Pnad
de 2004 e só serão mais significativos em 2005."
Análise por década
O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, pondera também
que, para alguns indicadores, a Pnad é melhor analisada
se for levada em conta uma década, e não a variação
de um ano para o outro. "Alguns indicadores da Pnad não
mostram muita coisa quando se avalia de um ano para o outro.
Em alguns casos, o melhor é analisar a década.
O analfabetismo pode ser erradicado em cinco ou dez anos,
mas isso dificilmente vai aparecer de um ano para o outro."
Nas promessas de campanha em 2002, o PT propôs em seu
programa para a área de educação "erradicar
o analfabetismo absoluto de jovens e adultos num prazo de
quatro anos". O texto do documento falava ainda num contingente
de "aproximadamente 20 milhões de analfabetos
acima de 15 anos", citando como fonte dados do IBGE de
1999. Na verdade, a Pnad de 1999 indicava que o número
de analfabetos era de 15,4 milhões naquele ano.
As informações são
da Folha de S.Paulo. |