O governo
federal suspendeu o repasse da merenda escolar para 62 municípios
devido a problemas com os CAE (Conselhos de Alimentação
Escolar) -responsáveis pela prestação
de contas da verba. Sem atuação desse órgão,
não há garantia de que os recursos se convertam
em refeições.
O corte de R$ 498,7 mil referente à oitava parcela
de dez anuais ocorreu no dia 21.
A suspensão, porém, não reflete a extensão
das irregularidades no programa da merenda. Pelo menos 50%
dos cem pequenos municípios auditados recentemente
pela CGU (Controladoria Geral da União) apresentaram
problemas na merenda, que variam de questões administrativas
a fraudes nas licitações. Em 350 cidades fiscalizadas
antes disso, 45% tinham irregularidades.
Segundo Daniel Balaban, diretor de Ações de
Assistência Educacional do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento
em Educação), o corte do repasse a esses municípios
só pode ser feito com um pedido formal encaminhado
pelos auditores responsáveis, o que não teria
ocorrido.
"Não há irregularidades no programa",
disse à Folha o presidente do FNDE, José Henrique
Paim Fernandes, referindo-se ao modelo de repasse e prestação
de contas. Para ele, os problemas existentes estão
na aplicação.
Paim disse não estar alarmado com os levantamentos
da CGU e do TCU (Tribunal de Contas da União) porque
já conhecia os resultados. "Estamos trabalhando
para que a aplicação seja o mais transparente
possível."
Outro fator indica que o programa não é executado
adequadamente. O repasse federal de R$ 0,15 por aluno por
dia tem caráter suplementar e deve ser completado pelos
municípios.
Em 2002, apenas 45% das prefeituras fizeram isso, com uma
média de R$ 0,25 a R$ 0,40 por aluno por dia.
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo
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