Mais
poupador em casa, aficionado por celular e adepto à
Internet, com menos filhos e preferindo a TV ao rádio.
Esse é o perfil do brasileiro que emerge da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2003,
divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), no Rio.
A Pnad radiografa as condições econômicas
e sociais do país. Ao apresentar números, também
indica hábitos e costumes. Nos últimos 10 anos,
o brasileiro mudou. Um dos xodós é o telefone
móvel. O número de casas onde o celular é
o único meio de telefonia aumentou 31,3%, de 2002 para
2003. É mais do que o dobro do crescimento registrado
na pesquisa anterior.
"O resultado pode ser um indicativo do uso do celular
para suprir a falta da linha fixa", observa o estudo
do IBGE.
A pesquisa constata outra vedete: o computador. Foi o bem
durável que mais explodiu. Das casas pesquisadas, 15,3%
têm o equipamento, 11,4% navegam na Internet.
Outra predileção é a geladeira de duas
portas, que substitui o freezer, mais gastador de eletricidade.
Para a analista da pesquisa do IBGE, Vandeli dos Santos, a
opção se acentuou a partir do racionamento de
energia, em 2001. A TV firmou-se na preferência. Adorna
a sala de 90% das casas, enquanto o rádio caiu para
87,8%.
O brasileiro está encolhendo a família. A média
de filhos está na faixa de reposição,
2,1 por mãe. Como reflexo, o número de pessoas
na casa diminuiu de quatro para 3,6. E a turma dos vovôs
aumentou.
A Pnad equilibra notícias ruins e boas. O prato das
más é pesado: o poder aquisitivo dos trabalhadores
despencou 7,4%, de 2002 para 2003. Outra carga desagradável:
a taxa de desocupação, o temível desemprego,
passou de 9,2% para 9,7%.
Mas o prato das boas notícias é alentador.
Conforme a pesquisa do IBGE, os serviços públicos
de água, energia e coleta de lixo melhoraram, 97% das
casas estão iluminadas. Diminuiu o abismo entre os
mais ricos e os mais pobres que recebem salários. Em
1993, os 10% detentores dos melhores salários abocanhavam
49% da massa salarial. No outro extremo, os 10% com menores
salários recebiam apenas 0,7%. Em 2003, a proporção
foi suavizada: 45,3 % (mais ricos) a 1%.
NILSON MARIANO
do jornal Zero Hora
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