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“Em 1974, "estreamos"
uma nova escola do estado. Havia ginásio coberto, sala
de música, salão de jogos, laboratório
de biologia e consultório médico odontológico.
O que mudou de lá para cá? A resposta é
fácil: abandono social resultando em crescimento humano
desordenado e a "idiotização" do indivíduo
que hoje depende de um cartão de plástico para
não ser considerado miserável e servir como
fiel da balança em ano eleitoral.”
Ubiratã Caldeira –
ucaldeira@uol.com.br
“Esta reportagem veio de encontro
com o que eu, como professora, vivencio todos os dias na sala
de aula, sem o apoio de nenhum especialista da área
da saúde. Temos salas de aulas superlotadas, com crianças
em diferentes níveis de aprendizado, muitos relacionados
com a falta de acompanhamento de um profissional da área
da saúde. O que vemos e o que sempre se discute é
sobre a qualidade do professor, mas o que realmente seria
necessário era termos menos alunos na sala de aula
e um acompanhamento de especialistas da área da saúde
para serem detectados os problemas de aprendizado, que são
muitos. Sempre que possível leio suas reportagens,
que sempre me agradam. Parabéns por ser tão
iluminado.”
Maria Martha Jaccoud Bocchi
“Sou enfermeira especialista
em saúde coletiva e pediatria, atuo desde 1980 com
as creches da cidade de São Paulo. Fiz mestrado e doutorado
na Unifesp pesquisando o tema do cuidado da criança
no contexto da creche e sua relação com a saúde
e educação infantil. Atualmente sou professora
de enfermagem pediátrica e atuo com meus alunos em
uma creche conveniada com a prefeitura. Ao avaliar e acompanhar
as crianças, na perspectiva do cuidado, enfrento cotidianamente
a grande dificuldade de encaminhá-las para serviços
públicos que as assistam integralmente e de forma resolutiva.
Eu acompanho e tenho documentado vários
casos semelhantes aos encontrados pelos médicos da
Unifesp: suspeita de atraso de desenvolvimento motor que depois
se configurou como uma doença neurológica grave
porque a entidade social pagou o exame necessário (Sindrome
de Rett), atrasos de desenvolvimento cognitivo e que a mãe
enfrenta terríveis dificuldades para conseguir uma
vaga no psicólogo ou fonoaudióloga da UBS, transtornos
de alimentação e distúrbios nutricionais,
entre outros. A principal barreira, e afirmo isso com base
na minha experiência real, é estabelecer parcerias
efetivas entre profissionais de saúde e de educação.
Essa tem sido a minha luta na
educação infantil. Não bastam as campanhas,
é preciso, desde a universidade, que médicos
e enfermeiros ouçam os professores e famílias
em suas dificuldades diárias de lidar com situações
sociais e de precariedade de cuidados gerados pela miséria,
violência urbana e doméstica e falta de acesso
das famílias a serviços especializados.”
Damaris Gomes Maranhão
– enfermagem@graodavida.org.br
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