A implementação do bilhete único
fez com que paulistanos passassem a utilizar o sistema com
mais freqüência, segundo pesquisa Datafolha com
1.083 entrevistados, realizada nos dias 24 e 25 de junho.
Dos que já usaram o bilhete
único e que já utilizavam ônibus e lotações
antes dele (cerca de 1/4 dos entrevistados), 36% disseram
que fazem mais viagens desde a implantação do
novo sistema.
O bilhete único, cartão
que permite ao usuário utilizar quantas conduções
quiser por duas horas pagando apenas uma passagem, começou
a funcionar no final de maio. Um mês depois, 57% dos
3 milhões de passageiros diários já tinham
o bilhete.
O secretário municipal dos
Transportes, Gerson Bittencourt, disse ontem à Folha
que, desde a implementação do bilhete único,
o número de viagens subiu 9,5% em média, o que
representa algo como 500 mil deslocamentos a mais por dia.
Uma viagem é contabilizada
toda vez que alguém entra num ônibus. Assim,
se a pessoa vai de um destino a outro e toma dois ônibus
para ir e dois para voltar, são computadas quatro viagens.
O aumento do número de viagens
é um dos pontos levantados por especialistas, como
Luiz Celio Bottura, para argumentar que a implementação
do bilhete único poderá levar a um futuro aumento
do subsídio ao transporte.
A prefeitura gasta R$ 22,4 milhões
por mês em subsídio, para bancar a gratuidade
de idosos e o desconto para estudantes. Estão reservados
R$ 280 milhões para esse item no Orçamento de
2004.
O raciocínio é o seguinte:
as empresas são remuneradas pelo número de viagens,
que vai subir -mas a receita não, já que, com
o bilhete único, os passageiros pagam apenas uma passagem,
de R$ 1,70, por duas horas.
Bittencourt afirma que haverá
uma transição nos próximos três
ou quatro meses para redefinir a remuneração
das viações por passageiro, levando em conta
o custo de operação -que não subiu.
Para refutar a tese do aumento do
subsídio, o secretário argumenta que o custo
da operação do sistema continua o mesmo, uma
vez que não foram colocados mais ônibus em circulação.
De acordo com Bittencourt, "essa movimentação
[crescimento do número de viagens] ocupou um espaço
ocioso".
O diagnóstico do secretário
vai ao encontro da avaliação de Nazareno Affonso,
diretor-executivo da ANTP (Associação Nacional
de Transportes Públicos). Para o especialista, ainda
é difícil prever se haverá aumento do
subsídio, "mas isso só vai acontecer se
tiverem de colocar mais ônibus".
Além disso, segundo Bittencourt,
houve um aumento de receita de 1,8% desde a entrada em vigor
do bilhete único, em razão da diminuição
de fraudes e do crescimento do número de passageiros,
que migraram dos clandestinos e de outros meios.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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