Um dos principais problemas dos
semáforos de pedestres em São Paulo são
os intervalos de tempo do vermelho piscante -que, dependendo
da largura da via, são insuficientes para que a travessia
iniciada no verde seja concluída com segurança.
Em alguns cruzamentos da avenida Paulista,
esse tempo varia de quatro a cinco segundos. O pedestre que
se deparar com esse vermelho piscante depois de ter dado apenas
um primeiro passo na faixa terá de andar a praticamente
três metros por segundo para chegar ao canteiro central,
distante quase 15 metros da calçada, antes da abertura
do semáforo verde para os carros -sendo que a velocidade
ideal para a travessia de idosos é um terço
dessa, segundo Eduardo Daros, da Abraspe.
Pela legislação, os
veículos devem esperar esse pedestre completar a travessia,
mesmo que já esteja vermelho, mas, na prática,
resta ao transeunte correr ou ficar perdido no meio do trânsito.
A falta de prioridade ao pedestre
no resto da cidade se agrava ao se constatar que, em muitos
lugares, não há faixa de pedestre pintada no
asfalto nem calçada -e que em muitas intersecções,
não há nem mesmo semáforos específicos
para travessia.
A CET chegou a informar na semana
retrasada que havia 499 sinais para pedestres em São
Paulo -10,7% dos cruzamentos semaforizados. Maurício
Régio, da assessoria de segurança no trânsito
da CET, afirmou anteontem à noite que essa quantidade
se refere somente aos aparelhos com botoeira fora dos cruzamentos.
"Eu arriscaria dizer que 50% têm os bonequinhos
[referência aos semáforos para pedestres]",
diz.
Em Belo Horizonte, há 652 intersecções,
das quais 75,5% (492) dispõem de semáforos para
pedestres. Em Curitiba, há 892 cruzamentos semaforizados,
dos quais 47,3% -422- têm aparelhos específicos
para pedestres.
Segundo a empresa de sinalização
Meng Engenharia, um semáforo de pedestres convencional
custa R$ 985 -ou seja, para instalar quatro aparelhos em cada
intersecção semaforizada da capital paulista,
a CET não gastaria nem R$ 20 milhões, 7% da
arrecadação anual com multas de trânsito.
Mesmo se quisesse instalar equipamentos
mais sofisticados, com contagem regressiva (quatro deles estão
em testes em São Paulo), não seriam gastos mais
de R$ 53 milhões. A Meng diz que esses equipamentos,
cuja unidade custa R$ 2.830, levam a uma redução
de 70% no consumo de energia elétrica das lâmpadas
e têm a aprovação de mais de 95% dos pedestres,
conforme pesquisa feita em São Vicente (litoral de
SP).
Atropelamentos
Mesmo com a falta de equipamentos viários adequados
aos pedestres, as mortes por atropelamento em São Paulo
têm caído nas últimas décadas -em
1981, eram 1.677; em 2003, 429.
A redução ganhou força
a partir de 1997, quando foram instalados os primeiros radares
de controle da velocidade. Com os veículos a 40 km/h,
15% dos atropelados costumam morrer; a 60 km/h, essa probabilidade
sobe para 70%; e, acima de 80 km/h, quase 100%.
Maurício Régio diz que
as mortes nos cruzamentos representam 20% da totalidade de
atropelados e que as demoras excessivas na travessia na avenida
Paulista "são exemplos extremos nos horários
de pico". "A maioria dos acidentes acontece à
noite."
As informações são da Folha de S. Paulo.
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