Construídos para serem espaços
de educação para as crianças e de lazer
para a comunidade, os CEUs (Centros Educacionais Unificados)
tiveram atividades culturais reduzidas desde janeiro, no governo
José Serra (PSDB).
A reportagem visitou 10 dos 21 escolões
entre quarta e sexta-feira da semana passada e constatou alterações
na programação teatral e de cinema. A revisão
dos contratos de segurança em unidades da zona sul
também levou à redução da quantidade
de vigilantes de oito para cinco em cada turno.
Até dezembro, eram contratadas
pela Secretaria da Cultura peças profissionais para
serem apresentadas nos finais de semana. O catálogo
de filmes para as sessões de cinema incluía
novidades.
Desde janeiro, porém, as peças
teatrais são somente de grupos da comunidade ou contatados
pelos coordenadores das escolas. O catálogo de filmes
não foi atualizado, as atrações são
repetidas.
Com capacidade para 2.400 alunos,
cada um dos 21 CEUs também tem um roteiro de aulas
e cursos para a comunidade.
Em 2004, último ano do governo
Marta (PT), a agenda de atividades estava movimentada. Havia
aulas de iniciação artística teatro,
artes plásticas, dança e música. Mas
os contratos com esses educadores acabaram em 31 de dezembro.
Entre janeiro e abril, foram mantidas
as aulas em unidades que tinham voluntários ou professores
contratados em regime diferenciado. Foi só em maio
que novos profissionais chegaram.
Todos os CEUs possuem estúdios
para fotografia e cinema, que estão equipados. São
poucas as unidades, porém, que usam esse material,
porque faltam profissionais. Em 2004, parcerias com a iniciativa
privada garantiram a realização de alguns cursos.
No CEU Paz, na zona norte, a falta
de pessoal levou à paralisação de atividades
da oficina na padaria e no estúdio de foto. O material
para revelação do laboratório do CEU
São Rafael, na zona leste, não foi usado até
agora.
Os CEUs Casa Blanca e Meninos, na
zona sul, estão entre os que sofrem com a falta de
professores e técnicos de educação física.
No CEU Aricanduva, na zona leste, a pista de skate fica tomada
pela terra quando há chuva.
Alunos e moradores reclamam. "A
comunidade está perdendo espaço", diz a
telefonista Delfina Custódio da Silva, 49, vizinha
do escolão de Aricanduva.
Outro lado
A prefeitura afirma que está retomando as
atividades culturais nos CEUs e que o quadro de profissionais
e a agenda estarão completos até agosto.
A Secretaria da Cultura diz que avalia
a contratação de peças profissionais
e uma nova série de filmes para a programação
do segundo semestre.
A chefe-de-gabinete da Secretaria
da Educação, Maria Lúcia Tajal, diz que
houve "interrupção" das aulas de iniciação
artística por falta de pagamento da gestão Marta
Suplicy (PT), no ano passado, e também por causa do
fim do contrato dos arte-educadores.
Os professores não receberam
os salários de pelo menos dois meses do final de 2004.
A equipe petista diz que honrou pagamentos e deixou dinheiro
em caixa para contas que venceriam em janeiro.
A troca de titulares da pasta
da Cultura (Emanoel Araújo foi substituído por
Carlos Augusto Calil) também teria atrapalhado as contratações.
LUCIANE SCARAZZATI
da Folha Online
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