A retirada de pelo menos quatro remédios de
distribuição gratuita das farmácias dos
postos de saúde do estado tem levado pacientes a comprar
os medicamentos em drogarias convencionais. O governo do estado
diz que os remédios foram substituídos por medicamentos
“mais modernos e de melhor efeito”. Mas não
é essa a informação que a população
recebe nos balcões da rede pública de Postos
de Atendimento Médico (PAM) do Centro, Várzea
do Carmo e Lapa. Segundo os funcionários, esses medicamentos
foram “retirados (das farmácias) pelo Governo”.
Eles chegam até recomendar que os pacientes procurem
um posto da Prefeitura.
Segundo funcionárias que preferiram
não se identificar, medicamentos como Verapamil (para
pacientes com problemas cardíacos), Vaslip (prescrito
para problemas de colesterol), Estugeron (labirintite), Ampicilina
(antibiótico) e pelo menos outros dez deixaram de ser
fornecidos pelo estado. “Antes tinha. Pararam de distribuir.
Não disseram o motivo”, diz uma servidora.
O drama de muitos hoje é semelhante
ao da aposentada Edna Balan Chaves, de 77 anos. Ela conta
que até agosto retirava o Verapamil e o Vaslip no PAM
Lapa, Zona Oeste, ou no PAM Centro. Juntos, esses medicamentos
custam em torno de R$ 50. Edna sobrevive com R$ 240 mensais
e ainda toma outros tipos de medicamentos.
“Há anos retirava os
comprimidos, uma vez por mês. E está difícil
comprar”, conta.
A Secretaria Estadual de Saúde
chegou a negar, anteontem, que distribuía Vaslip e
Verapamil. O DIÁRIO teve acesso a nove receitas da
paciente, de outubro de 2002 a dezembro de 2003, em papéis
timbrados da secretaria. Nas receitas do ano passado, por
exemplo, nos dias 14 de fevereiro, 11 e 24 de julho, há
carimbos de que os medicamentos foram fornecidos no PAM Lapa.
Sandoval da Rocha, de 76, também
saiu do PAM Centro na última terça-feira sem
Ampicilina (antibiótico). “A moça falou
que não vai ter mais. Vou procurar uma farmácia
com desconto”, lamentou ele.
Outras faltas
Ainda há outros medicamentos em falta, o que irrita
e decepciona a população. Mãe de três
filhos, a dona de casa Katia Cristina Oliveira, de 31, não
conseguiu no PAM Centro o Aditil (vitaminas A e D infantil)
para Emily, de um mês. “O jeito vai ser comprar.
Não posso deixar a neném sem vitamina. O difícil
é que não tenho só um filho. Um absurdo
o que este Governo faz com a gente. Cadê o direito ao
remédio gratuito”, reclama Katia.
JAQUELINE
FALCÃO
do Diário de S.Paulo
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