O mau cheiro nas imediações da Central do Brasil denuncia o péssimo
hábito da população. No mergulhão
da Praça Quinze, no Largo de São Francisco e
na Lapa, entre outros lugares, o forte odor de urina também
é um sinal de que as ruas do Centro, por onde mais
de um milhão de pessoas circulam por dia, viraram um
imenso sanitário a céu aberto. O problema é
considerado tão grave que a prefeitura começará
na próxima semana, no Centro, uma campanha contra o
ato de urinar em via pública. O slogan que será
impresso em mil cartazes e galhardetes é um recado
direto aos que se aliviam nas ruas: “Não foi
essa a educação que a sua mãe deu para
você”.
"A situação no Centro é grave.
Não há aperto que justifique urinar na rua.
Apenas a falta de educação", disse o subprefeito
do Centro, Breno Arruda, autor da campanha.
O secretário municipal de Governo, João Pedro
de Andrade Figueira, disse que vai aguardar o resultado da
campanha para decidir se ela será estendida a outros
pontos do Rio. Em Copacabana, por exemplo, o subprefeito Mário
Filippo aponta o Túnel Major Rubem Vaz como o ponto
mais crítico de toda a Zona Sul.
"Os taxistas transformaram o local num verdadeiro banheiro.
Para tentar coibir isso, decidimos multar os motoristas por
estacionamento proibido. Mas não é possível
manter guardas municipais no local o tempo inteiro",
disse Filippo.
O mau hábito aumenta as despesas da prefeitura. Apenas
no Centro, a Comlurb gasta 110 litros de desinfetante por
mês na limpeza das ruas e boa parte do material é
usada para eliminar os traços de urina. Já Vera
Dias, chefe de Monumentos e Chafarizes da Fundação
Parques e Jardins, calcula que 5% dos custos com restauração
de monumentos sejam destinados a acabar com o mau cheiro da
urina.
"Como o trabalho exige que usemos produtos químicos
que acabam alterando as cores do monumento, o jeito é
esperar que ele seja restaurado para fazer a limpeza",
disse Vera Dias, que aponta o chafariz do Mestre Valentim,
na Praça Quinze, e a murada da Glória como os
mais visados pelos porcalhões.
Banheiro automático
Há quem tente justificar o ato. O camelô
Roberto Honorato da Silva, de 24 anos, que trabalha na Praça
Procópio Ferreira, na Central, argumenta que na hora
do aperto nem sempre há tempo de correr até
um banheiro. Por ironia da vida, sua barraca fica ao lado
de um sanitário público automático, que
não funciona porque ainda não foi ligado à
rede da Cedae. A situação é idêntica
à de outro banheiro automático, na Rua do Lavradio,
também no Centro.
"Alguns banheiros que ainda não estão
em funcionamento, como o da Central, o da Praça Santos
Dumont (Gávea) e o do Caminho dos Pescadores (Leme),
devem estar ligados à rede da Cedae até o fim
do mês", diz Marcelo Cavalcanti, gerente operacional
da Adshell.
A empresa conta hoje no Centro, na Zona Sul e em parte da
Zona Norte com 16 banheiros automáticos (nove em funcionamento),
cujo uso custa um real. A colocação dos equipamentos
foi uma exigência da prefeitura à empresa, que
em 1999 ganhou o direito de instalar abrigos em pontos de
ônibus e outros itens de mobiliário urbano, em
troca da exploração da publicidade. Cavalcanti,
porém, disse que os banheiros são deficitários.
"Há três meses, inauguramos o da Praça
Barão de Drummond (Vila Isabel). Até agora,
foi usado por uma só pessoa. Mas, quando fazemos a
manutenção, temos que limpar o entorno porque
as pessoas continuam urinando na rua. Isso se repete em outras
áreas da cidade".
A conservação de cada sanitário custa
mensalmente à empresa R$ 1.500.
As informações são
do jornal O Globo.
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