Apesar de estar em vigor há
cinco dias, o Estatuto do Idoso ainda requer regulamentação
de muitos artigos, ou seja, para valer na prática são
necessários novos decretos dos governos federal, estaduais
ou municipais. Sem isso, não se garante a distribuição
de remédios, transporte interestadual, atendimento
geriátrico em postos de saúde e convênios
médicos.
O delegado Camilo Lellis, que comanda a única Delegacia
do Idoso da capital explica que enquanto não houver
a regulamentação, muitas dúvidas e confusões
podem surgir. “Os idosos já estão ligando
aqui perguntando da passagem, por exemplo”, afirma.
Lellis acrescenta que ainda é necessário criar
sete delegacias do idoso em São Paulo. “Estamos
pleiteando com a Secretaria de Segurança, pois a lei
diz que deve existir uma para cada seccional”.
Nem todas as determinações previstas no estatuto
entraram em vigor no primeiro dia do ano, por falta de regulamentação,
explica o advogado Luiz Eduardo Alves de Siqueira, especializado
em direito do consumidor. Para ele, pelo menos dois pontos
devem ser melhor detalhados por futuros decretos, portarias
ou leis. O texto não trata de limites, critérios
e outros detalhes fundamentais para a sua aplicação.
O primeiro é o que trata da gratuidade e desconto
de pelo menos 50% no transporte interestadual. Pela lei, as
empresas devem reservar pelo menos duas vagas gratuitas por
veículo para as pessoas com idade igual ou superior
a 60 anos e renda até dois salários-mínimos
(hoje R$ 480). Uma vez esgotado esse limite, as passagens
devem ser vendidas a essas pessoas com desconto de pelo menos
50%. Mas em nenhum momento são citados como os passageiros
devem comprovar a renda e a idade para terem direito ao benefício.
“É o tipo de medida que, se não for muito
bem regulamentada, pode dar margem a fraudes e abusos”,
provoca o advogado.
O promotor do Grupo de Atuação Especial de
Proteção ao Idoso (GAEPI), Edson Alves Costa,
afirma que o estatuto está completo. Ele discorda que
existam pontos que precisem de regulamentação.
O que acontece é que as empresas, e o próprio
Governo, estão arrumando meios para retardar a implantação
da lei.
O advogado Sérgio Tannuri afirma que o principal problema
é a falta informação. “O idoso
ainda não sabe que tem prioridade até na fila
da padaria”.
As empresas aguardam posicionamento dos governos para colocar
o estatuto em prática. É o caso da Expresso
do Sul, que usou a falta de regulamentação para
justificar o não fornecimento da passagem gratuita.
A Caixa Econômica Federal argumentou que já ultrapassou
as metas de 3% dos financiamento destinados aos idosos, previstas
no Estatuto.
As informações são do Diário de
S. Paulo.
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