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Nas primeiras décadas do
século passado, a construção da Cooperativa
Agrícola de Cotia (CAC) e do Mercado Caipira transformaram
o Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste, num lugar estratégico
para a distribuição e comércio de cereais
no Estado. Com o passar dos anos, o bairro mudou e atualmente
é uma das regiões mais sofisticadas da cidade,
cheia de restaurantes e casas noturnas.
No meio de uma das principais avenidas de Pinheiros, a Faria
Lima, o Largo da Batata parece ter ficado, porém, preso
ao passado. Com lojas, ambulantes e um grande terminal de
ônibus intermunicipal, é o trecho mais decadente
e degradado da região.
Mas há planos de revitalização.
E, na manhã de ontem, a presidente da Empresa Municipal
de Urbanização (Emurb), Heloísa Proença,
reuniu-se com um grupo de empresários ligados à
Bolsa de Imóveis de São Paulo e com o arquiteto
Tito Lívio, que venceu em 2002 um concurso de projetos
de reurbanizar o largo. Objetivo: discutir como fazer as reformas.
O projeto já leva em conta
a passagem da Linha 4 do Metrô pelo largo. A nova linha
deve ficar pronta em três anos e liga a Estação
da Luz com a Vila Sônia, na zona oeste. Outras mudanças
estão previstas: a retirada do terminal de ônibus
da região e sua transferência para a Rua Capri,
perto da futura Estação Pinheiros do Metrô
e da linha de trem da Marginal. A mudança do terminal,
porém, depende de parceria entre governo e Prefeitura.
Também vai ser construído
um grande conjunto comercial no coração do largo,
com ligação a um equipamento cultural da Prefeitura
- que deve virar uma escola profissionalizante - e a uma galeria
comercial, com bares e cinemas, com saída para a futura
Estação Faria Lima do metrô. "O projeto
tem a vantagem de poder ser feito aos poucos", explica
Lívio.
A construção do centro
comercial, entretanto, depende de parceria da Prefeitura com
a iniciativa privada. Na reunião de ontem, os empresários
da Bolsa de Imóveis pretendiam acertar acordo firmado
ainda na gestão passada. Eles querem ceder um terreno
de 4.500 m2 para a Prefeitura no largo em troca de permissão
para construir o prédio comercial a uma altura superior
ao previsto no zoneamento, além de pagar R$ 1,5 milhão
ao Município. "No terreno que vamos ceder vai
ser feita a escola prevista no projeto", explica Eduardo
Belotti, da Bolsa de Imóveis.
Alguns passos importantes já
foram dados para a obra sair do papel. No mês passado,
o armazem da Cooperativa de Cotia, que pertence à Bolsa
de Imóveis, foi demolido. Na terça, em nova
reunião, Prefeitura e empresários devem dizer
se vai ser feita a troca que permite a construção
do prédio comercial.
O projeto deve ser feito com
recursos dos leilões de Certificados de Potencial Adicional
de Construção (Cepacs) da Operação
Urbana Faria Lima, mesmo artifício usado na gestão
passada para conseguir dinheiro para construir os túneis
da Avenida Rebouças e Cidade Jardim. A coordenadora
do projeto na administração pestista, Marta
Lagreca, conta que todo o empreendimento deve custar pouco
mais de R$ 100 milhões, entre obras e desapropriações.
"O projeto era prioritário, mas perdeu lugar para
os túneis."
BRUNO PAES MANSO
do O estado de S. Paulo |