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Um grupo de 210 alunos de 1ª
série de uma escola municipal na região de Ermelino
Matarazzo (zona leste), é obrigado a ter aula desde
o início do ano letivo num pátio ao ar livre
ou em mesas improvisadas de um pátio interno, por falta
de sala. A escola, um prédio emergencial construído
com estruturas metálicas, não tem capacidade
para abrigá-los e o prédio definitivo, de alvenaria,
só ficará pronto em maio. Na campanha eleitoral
do ano passado, o prefeito José Serra (PSDB), que assumiu
em janeiro, disse que acabar com as escolas de lata seria
uma de suas "prioridades".
O problema afeta 70 alunos por turno
da Emef (Escola Municipal de Educação Infantil)
Januário Mantelli Neto, na Vila Císper. Aproximadamente
50 mil alunos estudavam em 50 escolas municipais de lata no
ano passado.
"Isso não é estudar",
reclamou Ilma de Fátima Menezes, 50 anos, avó
de Amanda, 6 anos, uma das alunas que não têm
sala para estudar. "No pátio não tem condições
para ensinar, e as crianças só ficam desenhando."
A reportagem acompanhou duas aulas
dos alunos excedentes. No pátio interno, sem lousa
e no calor das paredes de zinco, uma professora fazia o possível
para prender a atenção de dezenas de alunos
amontoados ao redor de algumas poucas mesas. Do lado de fora,
ao ar livre, outro grupo de alunos já não sofria
com o calor, mas tinha de sentar-se no chão, com os
cadernos na mão.
"Além de ser uma escola
de lata, que é muito quente durante o dia, os alunos
agora têm de ficar todos juntos em volta de uma mesa",
disse a dona-de-casa Eliane Aparecida Postigo, 28 anos, mãe
de Rafael, 6 anos. "É horrível."
Os alunos excedentes compõem
seis salas de aula criadas neste ano. Segundo o coordenador
de educação da subprefeitura de Ermelino Matarazzo,
Lusmar Roca, as novas salas funcionariam na escola de alvenaria
construída ao lado da antiga escola de lata, maior
do que a atual, mas ela não ficou pronta para receber
o contingente de novos alunos.
"Como a nova escola não
ficou pronta e as matrículas para as novas salas de
aula já haviam sido efetuadas, estamos tendo de alocar
provisoriamente as crianças", afirmou o coordenador.
Protesto
Na mesma Vila Císper, na manhã de ontem,
cerca de 60 mães protestaram contra a falta de vagas
nas creches da região. O protesto ocorreu em frente
a um galpão que há seis anos foi cedido pela
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano)
à Associação de Moradores de Ermelino
Matarazzo para ser transformado em creche.
Representantes da associação,
ligada ao vereador Adolfo Quintas (PSDB), prometeram para
as mães que a creche será inaugurada em 11 de
abril. A Secretaria de Educação disse que o
pedido para autorização da creche está
sendo analisado na subprefeitura da Penha, mas nenhum prazo
foi definido ainda para o início de funcionamento da
futura creche.
FAUSTO SALVADORI FILHO
LUCIANE SCARAZZATTI
do Agora
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