Marina
Rosenfeld
especial para o GD
Há quatro anos a construtora carioca Carmo e Calçada
monta salas de aula em pleno canteiro de obras. Mais de 80
operários já foram alfabetizados pela empresa
em parceria com o Sesi e o Sinduscon (Sindicato da Indústria
da Construção Civil) e os planos da empresa
é que num futuro próximo, todos os operários,
ao serem contratados, assumam o compromisso de estudar.
“A condição para entrar na construtora
será se matricular na nossa escola. Só fica
trabalhando aqui quem estudar”, afirma o diretor de
RH, Luiz Carlos Rio Tinto de Matos ao falar que a escola tem
como objetivo principal incluir a pessoa na sociedade. “Tínhamos
funcionários que ficavam alojados nos canteiros durante
o período de obra e que não saíam por
medo”. De acordo com Matos, a partir de depoimentos
dos próprios alunos é possível perceber
o quanto estudar tem sido importante para eles. “Um
dos operários me disse que a vida dele mudou porque
antes ele tinha que pegar o ônibus pela cor”,
comenta.
A preocupação com a inclusão social
é tão grande que constantemente os alunos, que
estudam de segunda a quinta-feira, após o período
de trabalho, saem da escola para visitar museus, exposições
culturais e monumentos históricos. Uma das últimas
visitas foi à Bienal do Livro.
A cada ano, os professores contratados pela construtora trabalham
com um tema. No ano passado, os alunos aprenderam sobre pintura:
tiveram aulas sobre Portinari e contato com algumas de suas
obras. Esse ano, é a vez da Poesia. Além de
ler diversos escritores, os operários são incentivados
a escrever. O resultado dessa experiência será
um livro publicado com todas as poesias produzidas durante
o ano.
A construtora também realiza uma série de concursos
entre os alunos. Em 2003, foi selecionado o cartão
de Natal mais bonito para ser enviado aos clientes e em 2004,
as pinturas mais interessantes foram expostas na escola.
Sobre a oportunidade, o operário Zezito Oliveira,
41, comenta que se sente feliz em trabalhar numa empresa que
o incentive a estudar. “Me sinto muito bem porque mesmo
sabendo que não sei muito, é alguma coisa que
eu levo para mim”.
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