A economia
deu sinais de que está se recuperando, mas num ritmo
insuficiente para absorver um número cada vez maior
de pessoas procurando emprego. Essa é a realidade ao
menos na região metropolitana de São Paulo,
segundo pesquisa divulgada pela Fundação Seade
e pelo Dieese.
O resultado dessa combinação levou a taxa de
desemprego a subir e atingir recorde histórico na região
metropolitana de São Paulo em abril: 20,7% da população
economicamente ativa. Em março, a taxa foi de 20,6%.
O desemprego chegou ao patamar mais elevado dos últimos
nove anos apesar de a criação de vagas também
ter sido recorde para o mês -desde que a pesquisa começou
a ser realizada, em 1985, nunca foram gerados tantos empregos
num mês de abril.
Enquanto foram criadas 124 mil vagas no mês passado,
168 mil pessoas entraram no mercado procurando uma oportunidade.
Com isso, houve acréscimo de 44 mil pessoas no número
de desempregados sobre março. Seade e Dieese estimam
que o total de desempregados na Grande São Paulo tenha
sido de 2,044 milhões em abril -outro recorde histórico.
Até então, o maior contingente havia sido registrado
em setembro do ano passado, quando 2,03 milhões estavam
sem emprego.
"O que ocorre tradicionalmente em abril é que
as pessoas retornam ao mercado. Mas notamos que os sinais
de aumento da produção industrial e da contratação
atraíram aqueles que, pela primeira vez, buscaram uma
vaga", afirma Paula Montagner, gerente da Fundação
Seade. "Essa pressão levou a taxa a subir."
Indústria e comércio foram os dois setores que
mais criaram vagas em abril -54 mil (maior parte com carteira
assinada) e 59 mil (sem carteira e trabalho autônomo),
respectivamente. No setor de serviços, houve fechamento
de 4.000 postos. Em construção civil e serviços
domésticos, foram 15 mil vagas abertas.
Entre as empresas que mais contrataram estão as do
ramo químico, do vestuário e têxtil, do
gráfico e papel, além das indústrias
de metal-mecânica.
Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio,
a criação de vagas em abril foi resultado também
da redução da jornada semanal de trabalho e
de horas extras realizadas. "Os empresários perceberam
que seria mais barato contratar do que aumentar a jornada
e pagar hora extra", diz.
A jornada semanal passou de 44 horas em março para
43 horas em abril. A proporção de trabalhadores
que fazem hora extra (acima da jornada legal de 44 horas por
semana) caiu de 46,3% em março para 40,1% em abril.
Renda
Pelo terceiro mês consecutivo, a renda do trabalhador
da região metropolitana de São Paulo voltou
a cair em março.
A queda do rendimento médio dos trabalhadores foi de
1,5% sobre fevereiro -o que corresponde a R$ 943. Em março
de 2003, o rendimento equivalia a R$ 907. No primeiro trimestre,
a redução no rendimento já chega a 5,8%.
CLAUDIA ROLLI
da Folha de S.Paulo
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