Recebi um
número que faz com que a resposta do título
acima seja a seguinte: não faz milagre. Mas quase.
O número é o da taxa de desemprego da cidade
de Piracicaba, no interior de SP, que se reflete nos 25 municípios
de seu entorno: 6% negativos. Isso mesmo, negativos. É
raríssimo ouvirmos semelhante porcentagem. Ocorre que
a cidade se transformou num dos centros mundiais de inovação
em energia alternativa, mais precisamente na produção
do álcool, gerando mais emprego do que a oferta de
trabalhadores é capaz de suprir.
Isso é possível porque, há cem anos,
se construiu lá uma escola de agronomia - a Esalq (Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP)-, a qual
atraiu centros de pesquisas. Nesse momento, a cidade está
montando sofisticados arranjos produtivos para que se desenvolvam
mais pesquisas e, assim, mais inovação, atraindo
mais empresas. Isso obriga mais formação de
mão-de-obra, estabelecendo um círculo virtuoso.
O que acontece em Piracicaba, assim como em alguns arranjos
produtivos locais no Brasil, revela nosso custo por não
investir no conhecimento e, assim, não estimular o
espírito empreendedor. Foi assim que São José
dos Campos (SP), graças ao ITA (Instituto Tecnológico
de Aeronáutica), fez do Brasil um pólo exportador
de aviões, algo aparentemente impensável para
um país pobre. Esse tipo de iniciativa é o que
permite que se construam disputados programas de internet
num bairro de Recife.
PS - Coloquei no site exemplos
pelo Brasil de arranjos produtivos, além do caso
de Piracicaba. É o que de mais sofisticado uma cidade
pode desenvolver.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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