André
Douek preparou jornadas fotográficas por SP que registraram
monumentos e festas religiosas e populares
No próximo dia 23 de manhã,
um domingo, André Douek estará reunido com um
batalhão de fotógrafos profissionais e amadores
numa estação de metrô.
Esse será o ponto de partida de um dos maiores prazeres
de sua vida -fotografar, em bando, a cidade de São
Paulo. Para sua felicidade, o hobby é uma extensão
do que ele faz todos os dias numa repartição
pública, onde toma conta do maior acervo fotográfico
da cidade -são 600 mil negativos.
Bom
Retiro
Nascido no Cairo (Egito), André Douek fugiu para o
Brasil ainda criança, vítima de conflitos políticos.
Além do árabe, a língua materna de Douek
é o francês. Em São Paulo, estudava apenas
nessa língua na escola e, por muito tempo, teve dificuldade
de comunicação. Até hoje, suspeita que
começou a fotografar para se comunicar melhor com os
brasileiros. "Eu tinha dificuldade em falar português.
Achava que, com a imagem, tudo ficaria mais fácil.
Tinha o prazer visual pela cidade, onde eu costumava andar
a pé e ficar observando os detalhes."
Sua carreira passou por diferentes caminhos. Estudou matemática
na USP e desistiu. Depois, formou-se num curso da Belas Artes.
Para sobreviver, deu aulas de francês. Até que
se especializou em fotografia e se tornou professor.
Anos depois, trabalharia como repórter-fotográfico.
Há pouco tempo, foi convidado a ocupar um cargo no
departamento que cuida da manutenção e do registro
das imagens de São Paulo. Mas o que queria mesmo era
colocar o pé na rua, pois não se conformava
com o desconhecimento das pessoas sobre a cidade. Preparou
jornadas fotográficas temáticas, uma delas dedicada
apenas aos monumentos; outra, às festas religiosas
e populares. "Vi como ficaram aturdidos muitos dos participantes
dos passeios diante das festas de são Vito, são
Genaro e Achiropita."
Com a mudança de governo, André Douek não
sabe qual será o seu destino, já que tem um
cargo de confiança. No entanto, sabe que jamais abandonará
suas jornadas, nas quais se sente, muitas vezes, como a criança
que chegou aqui com sete anos, fugida do Egito e encantada
por uma nova cidade sem ódios.
Ele já tem outra ação com data marcada:
em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo,
pretende documentar a cidade com fotógrafos profissionais
e amadores, em diferentes regiões, durante 24 horas
seguidas usando as redes da internet. "São Paulo
e fotografia são as minhas duas grandes paixões."
AV.
Paulista
Bom Retiro
Veja um experiência de arte fotográfica feita
por dois jovens: o blog VilaMundo.
Coluna originalmente
publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.
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