O debate
da TV Globo precisaria ter sido devastador contra Gilberto
Kassab para evitar a derrota nas urnas de Marta Suplicy, agora
centro de acusações dentro do PT.
Nem ela nem seus marqueteiros são culpados pela derrota
na disputa municipal. Ela perdeu por causa de sua taxa de
rejeição nem pelo fato de seu discurso não
priorizar a classe média. Esses fatores contribuíram,
claro, explicam até a larga distância em relação
ao prefeito --mas não são a causa principal
da derrota.
Há um fato essencial, o resto me parece detalhe. O
eleitor estava de olho nas realizações locais
e, até porque teve mais dinheiro e pegou obras e licitações
em andamento (nisso Marta tem razão), Kassab pôde
apresentar mais realizações do que sua oponente.
Marta corretamente tentou buscar o passado e melhorar as comparações,
trazendo as ligações do prefeito com Celso Pitta;
Kassab fez tudo para trazer o debate para o presente, ajudado
por uma propaganda eficaz.
Seria absolutamente anormal que qualquer candidato, por melhor
que fosse, derrotasse um governante com 60% de ótimo
e bom. Se Kassab merece essa avaliação é
outra coisa --mas a tendência do eleitor é querer
manter o que considera que vai bem. Por isso, Lula não
teve o feito que se imaginou. Nem acredito que Serra tenha
sido decisivo para o desempenho do prefeito.
Acusar Marta e seus assessores e marqueteiros pela derrota
é não conhecer como, neste momento, funciona
a cabeça do eleitor paulistano.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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