Só
escrevi sobre Luis Favre para defender a idéia de que
não interessava a vida afetiva da então prefeita
Marta Suplicy. Cheguei mesmo a dizer que o fato de ela assumir
uma nova relação era um sinal de coragem e deveria
ser respeitada. Também concordei com a afirmação
de que, por trás das críticas que ela recebia
e recebe, havia um preconceito machista misturado a uma baboseira
contra os argentinos. Por isso, não consigo entender
por que ela se meteu nesse ataque pessoal contra Gilberto
Kassab, ao indagar se ele é casado e tem filhos.
Pode ser ingenuidade minha, mas tenho dificuldade de acreditar
que ela esteve metida diretamente nisso. Um dos traços
mais notáveis dela é sua defesa autêntica
e corajosa da diversidade. Perguntei-lhe na sabatina da Folha
e ela contou que não sabia, só soube quando
a peça já estava no ar. Mas não a condenou.
Pelo contrário, defendeu a baixaria, embora colocando
a responsabilidade no marqueteiro.
Ficar metendo vida pessoal numa eleição já
seria horrível para qualquer candidato. Ainda mais
para Marta Suplicy, vítima de tantas insinuações
maldosas, uma militante de direitos humanos e, para completar,
psicóloga.
Não sei o que fica pior: ela ser a responsável
ou dizer que não sabia que algo tão grave iria
para o ar e, depois, defender a baixaria. Só posso
entender o fato pelo desespero de quem vê a eleição
escorrer pelas mãos.
Ficaria muito melhor para a biografia dela (uma biografia
que considero respeitável) pedir simplesmente desculpas.
Se ela vencer a eleição na base desse tipo
de impropriedade, pode ganhar mas, de verdade, perdeu.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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