Drago,
que teve problemas com a escola, inaugura hoje sua exposição
com fotos de alunos de um colégio público
Estudar sempre foi para Victor Dragonetti (Drago) uma fonte
interminável de aborrecimentos e humilhações.
Expulso na 5ª série, sofreu um baque em sua auto-estima
e, desde então, ganhou o rótulo de "aluno-problema".
Chegaram a aconselhar sua mãe a matriculá-lo
em colégios que recebessem portadores de deficiência
mental, entre outros problemas -ele sofreria de falta de orientação
espacial. "Sabia que alguns professores diziam que eu
era retardado." Por isso, hoje é um dos melhores
dias na vida de Drago.
Nesta quarta-feira, Drago, 17, vai inaugurar sua primeira
exposição fotográfica.
Por várias semanas, ele fotografou diariamente estudantes
de uma escola pública e fugiu do óbvio em seu
enquadramento. Procurou cenas em que os alunos mostrassem
os olhos brilhando -e não as previsíveis imagens
sombrias da educação pública.
O jovem que supostamente sofria de "falta de orientação
espacial" descobriu, aos 14 anos, um talento: fotografar.
A evidente habilidade com a fotografia não era suficiente
para que ele superasse a baixa auto-estima desenvolvida em
seu histórico escolar.
Mas a descoberta ajudou-o a construir um projeto: entrar numa
faculdade para estudar fotografia.
Neste ano, encontrou um colégio (Indac) que lidasse
com suas dificuldades e começou a mostrar seu trabalho.
""Agora tenho certeza de onde está o meu
futuro e só penso em investir nele."
Foi convidado a fazer profissionalmente um ensaio sobre alunos
da escola estadual Carlos Maximiliano (Max), que, no ano passado,
depois de passar por uma série de crises, iria fechar,
mas se salvou por causa da mobilização de um
grupo de alunos e professores, inconformados com o fechamento.
Uma das táticas foi oferecer, em parceria com a comunidade,
oficinas de dança, teatro, música, cinema, comunicação,
literatura e artes plásticas. "Nessas oficinas,
estava o meu foco."
À medida que as fotos eram reveladas e aparecia o brilho
nos olhos dos alunos, decidiu-se que todo aquele material
deveria virar uma exposição, que transformasse
as paredes do Max numa galeria.
Drago tirou o nome para sua exposição da raiz
latina da palavra "aluno", que significa "sem
luz". "Foram os dias de mais luz da minha vida."
Por sorte, captados em sua máquina.
PS- Sugiro que os professores que não conseguem ver
luz em seus alunos vejam as fotos de Drago (expostas abaixo)
-é uma magnífica aula de orientação
espacial.
Ouça
a participação do Drago no Redação
Escola
Veja
mais no álbum de fotos do Drago
Serviço:
Exposição Alunos-luz
Quando: 24/09 às 19h
Onde: Teatro da Vila
Rua Jericó, 256
Coluna originalmente publicada na
Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.
|