Nunca se conseguirá entender a
insegurança generalizada, especialmente nas grandes cidades,
sem ter em mente a estatística que acaba de ser divulgada
pela Folha: 27% dos jovens de 15 a 24 anos não trabalham nem
estudam em oito regiões metropolitanas. Ou seja, são socialmente
invisíveis --e, nessa invisibilidade, reside uma das incubadoras,
certamente a maior, da violência. Isso significa quase dois
milhões de brasileiros.
Temos aí uma das maiores bombas brasileiras: seres com toda
a energia com baixa perspectiva ou, na maioria das vezes,
sem perspectiva, vítimas da escolaridade sofrível e do crescimento
pífio.
Vivem isolados em guetos, zanzando pelas periferias e, muitos
deles, encontram no crime organizado fonte de sobrevivência
e na violência um mecanismo para liberar o ressentimento pela
exclusão, ou seja, pela crônica invisibilidade. Nada, nem
remotamente, ameaça tanto a paz do brasileiro com esse fato.
Apesar disso, ainda engatinham os programas para lidar com
os jovens sem perspectiva. Se os candidatos a governador e
presidente tiverem um mínimo de bom senso colocarão esse tema
no topo de suas agendas.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
27% dos jovens
não trabalham nem estudam
As drogas
como meio de "pertencimento" e função
social
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