O ator Wellington Nogueira realizou
um curso de formação de palhaços em Nova
York e aprendeu que rir faz bem à saúde. Essa
combinação terapêutica fez com que ele
inovasse a profissão de palhaço no Brasil, ao
criar a ONG "Doutores da Alegria", visitando crianças
doentes nos hospitais, transformados em picadeiros.
A experiência está prestes
a virar uma escola, criando um nova profissão: a de
agentes de saúde especializados em humor. A idéia
não provoca riso porque as brincadeiras dos "Doutores
da Alegria", inicialmente encaradas com desconfianças
nos circunspectos hospitais, são levadas a sério.
Constatou-se que a presença
deles, animando as crianças, humaniza o ambiente hospitalar
e favorece o trabalho de médicos e enfermeiros —o
efeito terapêutico dos "Doutores da Alegria"
ganhou o status de dissertação de mestrado.
"Tiramos o circo do picadeiro. Para nós, o picadeiro
pode estar em qualquer lugar", diz Wellington. "Temos
de aprender um outro olhar."
Com o sucesso dos "Doutores da
Alegria", a experiência começou a ser aplicada
no Nordeste e na periferia de São Paulo, mas sempre
de forma episódica. Surgiu, então, o projeto
de criar uma escola com um currículo voltado para técnicas
circenses e noções de saúde. "O
mercado está se abrindo para esse tipo de profissional",
aposta. Isso porque muitos hospitais estão demandando
palhaços que saibam lidar com crianças doentes.
Num país em que ser palhaço
também significa ser "ridículo", muitos
pais não achavam muito engraçado, talvez até
chorassem, quando os filhos anunciassem que descobriram o
talento para se tornar um "clown".
Wellington imagina que, com essa escola,
no futuro o filho vai chegar para a família e dizer:
"Pessoal, escolhi minha profissão, vou ser palhaço".
A família, então, reagirá: "Muito
bem, você escolheu uma bonita carreira."
Coluna
originalmente publicada na Folha Online,
na editoria Sinapse.
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