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O vice-presidente José Alencar
sabe como fazer notícia sem fazer força: basta
encenar, sem mudar o roteiro, a indignação contra
os juros. Nesta semana, voltou a classificá-los de
um "roubo", colocando, implicitamente, os banqueiros
na condição de assaltantes. Responsabilizou,
mais uma vez, os juros pelas dificuldades de o Brasil crescer.
Os juros bancários são,
de fato, um roubo, merecem ser denunciados, mas José
Alencar, espertamente (ou por ignorância) se esquece
de falar de que, nesse assalto, o governo é cúmplice.
Os juros são altos, entre outros
motivos, porque não se confia no governo, historicamente
perdulário, obrigado a pagar suas gigantescas dívidas
e sempre com dificuldade de cortar seus gastos. Quem paga
a conta?
O cidadão é vítima
do duplo assalto: dos impostos que não param de crescer
e dos estratosféricos juros. Juros mantidos, em parte,
pelo próprio governo, do qual Alencar faz parte e ajudou
a eleger.
Fossem os governos mais sérios,
cortassem mais profundamente seus gastos e diminuíssem
os impostos, os juros seriam menores: haveria mais emprego
no país e mais dinheiro no bolso. E menos espaço
para a demagogia de José Alencar.
Coluna originalmente publicada
na Folha Online, na editoria Pensata.
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