Tenho divulgado
aqui estudos mostrando o que considero a maior imbecilidade
brasileira: o grande número de estudantes que, por
sofrerem de problemas simples de saúde (problemas de
visão e audição, por exemplo), têm
dificuldades de aprendizado e, assim, são condenados
à marginalidade. Acaba de sair um relatório
que, sem exagero, deveria deixar em pânico o presidente,
governadores e prefeitos.
O relatório foi feito pela Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo) com base em 11.381 exames médicos
realizados em escolas públicas da cidade de São
Paulo. É a mais abrangente investigação
já feita na área da saúde escolar e serve
de retrato do que acontece em todo o país. Encontraram
doenças em 70% daquela amostra. Eram jovens que necessitavam
de atendimento de cardiologistas, fonoaudiólogos e
oftalmologistas, entre outros.
Detectaram casos graves que requeriam cirurgias com urgência
--casos como o de meninos cujo testículo não
desce para o saco escrotal. Detectaram também estudantes
com visíveis transtornos de comportamento ou com distúrbios
flagrantes de aprendizado.
Para piorar a situação, as equipes da Universidade
Federal de São Paulo notaram também a falta
de pediatras em postos de saúde, o que dificulta o
encaminhamento.
Fôssemos uma nação civilizada em que
se valorizasse o capital humano, o relatório iria provocar
um grande escândalo. Quantas coisas podem ser mais absurdas
do que crianças que não aprendem por falta de
óculos ou porque não ouvem direito?
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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