A idéia
para melhoria de gestão administrativa mais ousada
do governo Serra foi lançada pela nova secretária
da Educação, Maria Helena Guimarães:
dar mais dinheiro às escolas de acordo com o desempenho
dos alunos. Não tenho dúvidas de que tal iniciativa
ajudaria a elevar o nível educacional, mas resta pelo
menos uma dúvida: o governador José Serra teria
coragem de aplicá-la?
Maria Helena Guimarães é respeitada dentro
e fora do Brasil por seus conhecimentos em avaliação
escolar. Graças, em parte, ao seu trabalho no Ministério
da Educação, o país conhece melhor os
indicadores de aprendizado. Por causa dessa vivência,
ela sabe que as avaliações não se traduzem
em respostas dos educadores. Isso a levou a acreditar que,
entre outras medidas, a premiação ao mérito
estimularia a busca de excelência. É impossível
imaginar qualquer coisa que funcione bem sem promover os talentos.
O problema é que ações desse tipo costumam,
como se vê em várias partes do mundo e no Brasil,
gerar fortes reações corporativas. Fortes, não.
Fortíssimas. Nem sempre os governantes contam com o
apoio da sociedade, a começar dos pais e dos alunos.
Os sindicalistas em geral, cujos filhos estudam em escolas
públicas (e, portanto, beneficiários diretos
da meritocracia), alinham-se ao lado da reação
corporativa. Quase todas as entidades (isso para não
dizer todas) que defendem o funcionalismo público têm
horror a essa competição e estariam na linha
de frente contra o governador.
Serra é candidato a presidente. Ele terá coragem
para topar essa briga, cujo reconhecimento só virá
no futuro? Vamos ter de aguardar para saber a resposta.
Lamento informar, mas, sem premiar os professores talentosos
e esforçados, acabaremos sempre premiando a mediocridade.
E são os mais pobres que mais pagam por essa premiação.
PS - Coloquei no site experiências
que premiaram os melhores professores e diretores.
Canssei,
cancei ou cansei?
Coluna originalmente publicada
na Folha Online, editoria Pensata.
|