Quatro meses após o lançamento
do Policiamento Ostensivo Volante (Povo) em Londrina, no Paraná,
muitos moradores dos bairros contemplados ainda não
receberam a visita dos policiais militares que atuam no projeto.
Criado pelo governo do Estado com o intuito de aproximar a
polícia da comunidade, o Povo prevê a entrega,
em cada residência, de um cartão com fotografia
e número telefônico dos PMs responsáveis
pela área, que podem ser acionados em caso de ocorrências
ou denúncias de crimes.
Cinco bairros londrinenses entraram na primeira fase do projeto,
que também foi implantado em Curitiba. Dois deles estão
na Zona Norte, nos conjuntos Lindóia e Parigot de Souza
3. Os outros são os jardins Bandeirantes (zona oeste),
Califórnia (zona leste) e Altos de Inglaterra (zona
sul). Cada um já conta com a presença de quatro
policiais, que se deslocam em duas motocicletas e uma viatura.
Mas até agora, apenas estabelecimentos comerciais foram
visitados pessoalmente.
''Aqui ninguém passou, eu nem sabia desse projeto
no bairro'', afirmou o digitador Eduardo Pasquarelli, 50 anos,
morador da Rua Serra da Canastra, no Bandeirantes. ''Viaturas
eu também não vi. Quando passa, é uma
vez na vida e outra na morte'', completou o filho Cristian,
27.
Residente na Rua Serra da Mantiqueira, a comerciante Lucimara
Dosti, 35, disse que ouviu falar do Povo pela televisão
e ficou esperando a visita de um policial. ''A idéia
é boa. Nosso bairro é mais tranquilo do que
outros, mas sempre tem furtos, roubos. Ontem (anteontem) mesmo
suspeitamos que alguém tentou entrar na nossa casa,
teria sido bom contatar um policial'', contou.
Comerciantes que já receberam a visita dos policiais
elogiaram a iniciativa. Pedro dos Santos, 71, que mantém
uma padaria no Bandeirantes, mostrou o cartão com foto
de um policial e disse sentir cooperação e amizade
entre a comunidade e a polícia. ''Eles estão
sempre por perto. Outro dia tinha um malandro aqui dentro
e a PM logo veio verificar'', mencionou.
No Conjunto Parigot de Souza, a comerciante Solange Gomes
Rosa, 60, fez uso do cartão do policial. ''Foi quando
me passaram uma nota de R$ 50 falsa. É bom ter esse
atendimento mais próximo, a gente se sente mais protegida.
Já me assaltaram várias vezes, apontaram arma
para a minha cabeça, mas nada nos últimos meses'',
observou.
De acordo com o soldado Valter Roberto dos Santos, 33, um
dos responsáveis pela execução do Povo,
a PM optou por principiar as visitas do projeto em todos os
estabelecimentos comerciais para só depois ir às
residências. ''Aqui no Bandeirantes, faltam poucas unidades
de comércio. O trabalho já deu resultado, como
a própria comunidade sentiu. Os elementos suspeitos
começaram a se dispersar'', ressaltou.
Santos explicou que os policiais ouvem a população
sobre os crimes e suspeitos observados na região, e
repassam informações e sugestões para
os membros da associação de bairro. ''O pessoal
tem sido bem receptivo, o que garante o sucesso do projeto.
É um bairro antigo, onde as pessoas têm espírito
de vizinhança'', comentou. Em sua área de atuação,
a maior parte dos relatos se refere ao tráfico de drogas.
A prioridade dos policiais do Povo, de acordo com o soldado,
não é efetuar prisões, mas eventualmente
as equipes fazem autuações.
As informações são da Folha de Londrina.
|