Já estão abertas
as inscrições para o Programa de Pequenos Projetos
(PPP), versão brasileira do Small Grants Programme
(SGP), um programa do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF)
administrado globalmente pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A iniciativa tem com
o objetivo apoiar projetos que tenham como foco a promoção
de meios de vida sustentáveis e contribuam para benefícios
ambientais globais. O PPP é implementado em 63 países
e, no Brasil, a iniciativa é desenvolvida há
10 anos sob a coordenação técnico-administrativa
da organização não-governamental Instituto
Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao longo destes 10 anos, o programa já apoiou 89
projetos, numa média de 15 a 20 por edital. Em 2003,
foram encaminhados mais de 150 propostas e financiadas 19
iniciativas. Neste ano, o Instituto irá financiar projetos
de até US$ 30 mil (cerca de R$ 90 mil), com duração
de, no máximo, dois anos. Poderão participar
da seleção organizações não-governamentais
(ONGs), comunidades tradicionais ou indígenas, legalmente
constituídas ou não. Caso as entidades não
sejam legalmente constituídas por mais de um ano, deverão
indicar uma outra organização que atenda a estas
exigências para ser a responsável pela administração
do projeto.
Os projetos participantes devem se enquadrar em pelo menos
um dos programas do GEF, referentes às Áreas
Focais de Conservação da Biodiversidade (Ecossistemas
Áridos e Semi-áridos, Litorâneos, Marinhos
e de Água Doce e Florestais); Mudança Climática
(Remoção de Barreiras à Conservação
de Energia e à Eficiência Energética,
Promoção da Adoção de Energia
Renovável por meio da Remoção de Barreiras
e Redução dos Custos de Implementação
e Promoção de Transporte Ambientalmente Sustentável);
Águas Internacionais (Programa Baseado em Corpos de
Água, Programa de Integração Solo e Água
e Programa sobre Contaminantes); Poluentes Orgânicos
Persistentes e Degradação de Terras. Podem participar
ações também da Área Focal Múltipla
referente à Gestão Integrada de Ecossistemas.
Os projetos enviados serão avaliados pelo Comitê
Gestor Nacional (CGN), formado por representantes de órgãos
governamentais e organizações da sociedade civil.
Segundo o coordenador do programa, é essencial que
a proposta seja inovadora tanto em termos de abordagem como
quanto ao uso de novas tecnologias, além de ser desenvolvida,
principalmente, em áreas onde o Instituto ainda não
apoiou nenhuma iniciativa, como a Bahia - a relação
das cidades que fazem parte do cerrado está disponível
no site www.ispn.org.br.
Critérios de participação
Os projetos devem promover a inclusão social,
inclusive racial e étnica; contribuir para a promoção
das capacidades e potencialidades de comunidades locais; apresentar
potencial de replicação; e contribuir para o
aperfeiçoamento de políticas públicas.
As iniciativas precisarão ainda atender a alguns critérios,
como demonstrar a viabilidade dos objetivos; prever contrapartida
financeira e não financeira; e promover articulação
local com autoridades governamentais, outros grupos da sociedade
civil e do setor privado.
As iniciativas selecionadas serão enquadradas em
três categorias. A primeira, de Execução,
reunirá os projetos selecionados que atenderem de forma
satisfatória às adequações de
efetividade. A categoria de Pré-investimento diz respeito
aos projetos de caráter experimental, envolvendo atividades
novas para o PPP ou cuja entidade proponente ainda não
tenha domínio da atividade proposta. Os projetos que
estiveram nesta etapa deverão aplicar a primeira parcela
de apoio a atividades de pré-investimento, para garantir
bases mais seguras para o seu desenvolvimento. A continuidade
do projeto e a liberação das demais parcelas
dependerão da aceitação do plano de trabalho
reformulado.
Já a categoria de Planejamento refere-se às
propostas com maiores dúvidas sobre seu enquadramento
às normas e diretrizes do GEF, do PNUD e do PPP e o
risco significativo de atraso ou insucesso. Nesses casos,
as entidades proponentes receberão apoio inicial no
valor de US$ 3 mil (R$ 9 mil) para detalhar o plano de trabalho
e reformular o projeto.
Acompanhamento
O Instituto irá acompanhar o desenvolvimento
dos projetos não somente com aporte financeiro, mas
também por meio de visitas técnicas e de orientação.
A primeira atividade será a realização
de uma Oficina de Planejamento, com a participação
de todos os responsáveis pelos projetos selecionados.
"A proposta é capacitar as entidades. Com a experiência
adquirida ao longo destes anos, sabemos hoje questionar muito
mais as propostas, promovendo uma integração
entre todos os participantes", comenta Donald.
Após a oficina, os proponentes deverão apresentar
um plano de trabalho com resultados esperados, atividades
a serem realizadas, prazos e custos. A verba será repassada
em duas parcelas, caso o projeto tenha uma duração
de até seis meses, ou em pelo menos três parcelas,
se a duração for superior a este período.
Para o recebimento dos recursos, as organizações
deverão encaminhar relatórios técnicos
e financeiros à coordenação do programa.
De acordo com o presidente do Instituto, as ações
apoiadas pelo PPP têm conseguido alcançar bons
resultados, com destaque para os projetos de artesanato, produção
de polpas de frutas e energia renovável. Há
ainda projetos de apicultura, piscicultura, criação
de animais silvestres, produção de fitoterápicos
ou plantas medicinais. No entanto, muitos deles estão
encontrando dificuldades para se desenvolver devido à
competição do mercado e também ao marco
regulatório, que são as normas ambientais e
da Vigilância Sanitária. "Agora, além
de apoiar os projetos, precisamos trabalhar também
com as políticas públicas para que se crie um
ambiente menos desfavorável para as ações".
Cerrado e caatinga
No Brasil, o PPP financia projetos no cerrado ou
nas áreas de transição entre cerrado
e caatinga. Donald Sawyer, presidente do Instituto e coordenador
nacional do programa, explica que, apesar de sua rica diversidade
biológica, este é um bioma (conjunto de seres
vivos de uma grande área) ameaçado e carente
de recursos, que está sob fortes pressões, devido
à expansão da agropecuária, de obras
de infra-estrutura e do crescimento urbano. De acordo com
Donald, os dados são extremamente preocupantes. Hoje,
acredita-se que restam apenas 43% do cerrado e que ele está
desaparecendo a um ritmo de 1,5% ao ano, o que equivale a
uma área de aproximadamente 30 mil m2. Caso o desmatamento
continue assim, prevê Donald, daqui a 25 anos este bioma
irá desaparecer.
"O cerrado é muito importante em termos de recursos
hídricos, por exemplo. A maior parte dos rios do país,
como o São Francisco, nasce no cerrado, mas ele é
visto como dispensável, considerado uma alternativa
ao desmatamento. Os doadores preferem apoiar ações
na Amazônia, Mata Atlântica e, às vezes,
no Pantanal. No entanto, o prejuízo do desmatamento
do cerrado frente à Amazônia além de ser
maior em termos absolutos, é ainda maior em termos
proporcionais. Na Amazônia, a média é
de 23 mil m2 a menos de mata por ano e ela é muito
mais extensa", explica.
Serviço:
As propostas devem ser encaminhadas até o
dia 25 de agosto para o endereço: SCLN 202, Bloco B,
Salas 101/104, Brasília/DF, Cep: 70832-525. O edital
e o roteiro para elaboração dos projetos está
disponível no site (www.ispn.org.br). Informações
(61) 327-8085 ou e-mail: ppp@ispn.org.br
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