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desigualdade
01/03/2004
Diversidade social melhora a educação

A simples convivência de classes sociais distintas tem reflexo positivo no nível educacional de crianças e jovens pobres. É o que mostra uma das pesquisas que fazem parte do estudo "Metrópoles, Desigualdades Socioespaciais e Governança Urbana".

Os pesquisadores cruzaram dados de estudantes de oito a 15 anos nas três maiores regiões metropolitanas do país (São Paulo, Rio e Belo Horizonte) e constataram que o percentual de atraso escolar é mais baixo nos bairros em que há maior mistura de classes sociais. Atraso escolar é a diferença entre a idade que o aluno tem e a escolaridade que deveria ter.

Também constataram que as taxas de evasão escolar (entre jovens de seis a 14 anos) e de jovens sem trabalho e sem estudo (entre 17 e 24 anos) seguem o mesmo padrão -são menores em bairros com mais mistura entre pobres e ricos.

"De certa forma, quando há uma convivência maior entre classes, os mais pobres conseguem romper um ciclo que não é quebrado numa região essencialmente carente e periférica. Há algum tipo de troca", afirmou Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, coordenador da pesquisa e professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O estudo sobre as metrópoles está sendo realizado por cerca de 70 pesquisadores de 22 instituições. A partir de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o grupo criou metodologias próprias para avaliar mudanças estruturais em 11 regiões metropolitanas. A base do trabalho são as informações sobre educação, habitação e renda.

Para o coordenador da pesquisa, "as metrópoles aparecem não apenas como resultado de desigualdades, mas como geradora de novas desigualdades".
Segundo Ribeiro, a exemplo do que ocorreu em países europeus, a valorização do ensino público é um dos caminhos para inverter esse quadro e promover uma maior integração.

"A escola é o meio mais eficiente de promover os conceitos de cidadania e direito. Daí a importância da presença das camadas médias na rede pública de ensino, para um aprendizado democrático."

Em São Paulo, a taxa de atraso escolar de crianças e jovens pobres, em famílias cujos demais membros têm média de até nove anos de estudo, é de 39% nas regiões de classe baixa, de 32% nas áreas de classe média alta e de 37% nas regiões de classe alta. Isso nas famílias em que os pais são casados -quando são separados, o desempenho dos filhos piora.

No Rio, esses índices são de 64%, 55% e 60%, respectivamente, e em Belo Horizonte, de 49%, 43% e 44%.

Por enquanto, a pesquisa só finalizou os dados de educação em relação à classe social nas três maiores metrópoles. Com relação a outros temas, já há informações sobre as demais áreas. Belém, por exemplo, lidera o ranking de déficit e inadequação habitacional no Brasil (leia texto na página C3).

Morar num bairro pobre também interfere no salário dos seus moradores. O estudo mostrou que as diferenças de renda entre moradores de favelas e de bairros podem superar 70%, mesmo entre trabalhadores com a mesma escolaridade.

Entre pessoas com mais de 15 anos de estudo, a diferença salarial chega a 73% em São Paulo, 64% no Rio de Janeiro e 65% em Goiânia.


 



ADRIANA CHAVES
da Agência Folha, no Rio

   
 
 
 

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