O advogado José Roberto Leal, que representa o ex-prefeito paulistano
Paulo Maluf (PP), disse que seu cliente não poderá
ser acusado de crime com base nos extratos bancários
que serão remetidos pela Suíça ao Brasil.
Os documentos referem-se a contas que, segundo o Escritório
Federal de Justiça da Suíça (em Berna),
o ex-prefeito e familiares dele mantiveram no Citibank de
Genebra, entre 1984 e 1997.
Maluf nega que tenha ou que tenha tido contas na Suíça
ou em qualquer outro local do exterior. Confirma apenas a
existência de uma conta em Paris que, segundo ele, foi
aberta legalmente.
Segundo o advogado, Maluf não pode ser acusado de
lavagem de dinheiro porque a lei que estabeleceu esse crime
no Brasil foi aprovada após a data em que, segundo
os promotores paulistas, a conta foi encerrada. "A lei
penal só pode retroagir para beneficiar o réu."
O advogado disse ainda que Maluf também não
pode ser acusado dos crimes de evasão de divisas e
de sonegação fiscal porque ambos já estariam
prescritos.
A legislação penal brasileira prevê prazo
prescricional de 12 anos para esses crimes. Mas prevê
também que todos os prazos prescricionais sejam contados
pela metade após o acusado completar 70 anos de idade.
É o caso de Maluf, que tem 72 anos. O ex-prefeito
só poderia ser acusado se ficasse comprovado que movimentou
dinheiro no exterior há menos de seis anos. "A
jurisprudência é unânime em reconhecer
a redução dos prazos prescricionais para quem
tem mais de 70 anos", disse Leal.
Leal também não teme que Maluf seja acusado
de corrupção passiva, com base em depoimentos
prestados ao Ministério Público por duas testemunhas:
Simeão Damasceno de Oliveira, ex-funcionário
da empreiteira Mendes Júnior, e Nicéa Camargo,
ex-mulher do ex-prefeito Celso Pitta. Eles acusam Maluf de
ter recebido propina de empreiteiras que prestavam serviços
para a prefeitura paulistana na sua gestão.
Leal afirma que Damasceno de Oliveira já registrou
em cartório uma declaração em que afirma
ter mentido ao Ministério Público. Diz, ainda,
que Nicéa "não tem credibilidade"
para acusar Maluf. "Nicéa já foi processada
pelo meu cliente." O advogado diz não estar preocupado
com uma eventual ação penal por corrupção
passiva contra seu cliente. Segundo ele, "não
há prova de que isso [pagamento de propina] ocorreu".
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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