BRASÍLIA - O governo estabeleceu
ontem os principais itens de uma agenda que deve ser explorada
nos próximos dias diante da opinião pública.
O objetivo é mudar a imagem de imobilismo político
e administrativo criada pelo escândalo que envolve o
ex-assessor de assuntos parlamentares Waldomiro Diniz. Em
reunião de quase três horas no Palácio
do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
reuniu cinco ministros e decidiu adiar os atos de desagravo
que o PT planejava fazer ao chefe da Casa Civil, José
Dirceu.
Estiveram na reunião os ministros da Fazenda, Antonio
Palocci, da Casa Civil, José Dirceu, da Secretaria-Geral
da Presidência, Luiz Dulci, da Coordenação
Política, Aldo Rebelo, e do Conselho de Desenvolvimento
Econômico, Jaques Wagner. Disposto a ensaiar um contra-ataque,
Lula pediu que cada ministério produza fatos novos,
lance programas e demonstre, perante a população,
que o governo não acabou.
Uma lista de ações foi posta na mesa pelos
ministros para o exame do presidente. Entre elas, a da correção
dos benefícios dos aposentados e pensionistas do INSS,
que chegou a ser objeto de uma segunda reunião, com
a presença dos ministros da Previdência, Amir
Lando, e do Trabalho, Ricardo Berzoini.
Outra idéia é acelerar o processo de votação
de matérias pendentes no Congresso para esvaziar a
discussão sobre a criação de uma CPI
para apurar o caso Waldomiro. Neste pacote, entra o processo
de votação das medidas provisórias que
tratam do setor elétrico.
Os ministros discutiram a conveniência da proposta
do presidente do PT, José Genoino, de uma série
de manifestações, nas ruas, para apoiar Dirceu.
Todos entenderam que o momento não é oportuno.
Como o escândalo continua exposto na mídia, teme-se
que qualquer manifestação se volte contra o
governo.
Lula pediu a Dirceu que conversasse com Genoino para convencê-lo
a adiar as manifestações, deixando-as para uma
outra ocasião, em águas mais calmas, quando
a cúpula do Palácio do Planalto teria condições
de mostrar que não foi contaminado pelo caso Waldomiro.
Segundo fontes do governo, em nenhum momento da reunião
de coordenação política foi cogitado
o afastamento de José Dirceu da Casa Civil. Na avaliação
de Lula e dos ministros, não há nenhuma informação
divulgada até agora pela imprensa que possa ligar as
ações do assessor parlamentar Waldomiro Diniz
ao chefe da Casa Civil.
Lula também determinou aos ministros que continuem
lutando para aplicar a medida provisória que proíbe
o funcionamento de casas de bingo em todo o território
nacional. O presidente espera que a Advocacia-Geral da União
derrube qualquer liminar que mantenha as casas abertas.
A política industrial também entrou na pauta
da reunião. Até o dia 11, Jacques Wagner vai
conversar com ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.
O objetivo é fechar questão em relação
à proposta de uma política industrial para o
país.
Lula declarou que pretende anunciar, até o fim de
março, o novo projeto de política industrial
do governo.
As informações são
do Jornal do Brasil.
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