BRASÍLIA - Com o término
do carnaval, o PT e o governo começam a se preparar
para sair do acuamento imposto nos últimos dias após
as denúncias envolvendo o ex-assessor da Casa Civil,
Waldomiro Diniz. Os petistas viram o fantasma da crise dar
uma trégua, embalada pelos festejos carnavalescos e
pela assinatura da medida provisória proibindo o funcionamento
dos bingos em todo o país. Para que a situação
não retorne com força, o partido pretende fazer
atos de desagravo públicos em algumas capitais, em
defesa e socorro de José Dirceu. Há o receio
de que o escândalo comprometa o partido nas eleições
municipais. No Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva reúne-se hoje com a coordenação
política de governo.
Da reunião, prevista para a parte da tarde no Palácio
do Planalto, participarão o chefe da Casa Civil, ministro
José Dirceu, além dos ministros da Fazenda,
Antonio Palocci, da Coordenação Política,
Aldo Rebelo, do Conselho de Desenvolvimento Econômico
e Social, Jacques Wagner e da Secretaria-Geral da Presidência,
Luiz Dulci.
O Planalto sabe que precisa dar respostas rápidas.
Não quer ficar refém dos acontecimentos e dos
ataques desferidos pela oposição, que cobra
a instalação de uma CPI e o afastamento de José
Dirceu. O chefe da Casa Civil chegou a sugerir isso ao presidente
na semana passada, durante a reunião da coordenação
política no auge da crise. Lula não aceitou.
Outra preocupação do governo é de que
a crise política contamine a economia. Durante as indecisões
do Executivo na semana passada e a possibilidade de saída
de Dirceu do governo, a bolsa despencou e o dólar subiu,
acompanhado do risco-país. Palocci vai apresentar um
panorama da saúde financeira no momento. O Planalto
não quer que o episódio Waldomiro comprometa
a governabilidade.
Dirceu volta ao cenário depois de um feriado onde
se isolou do mundo. No sábado, dia em que Lula gravou
o programa de rádio Café com o Presidente, veiculado
ontem, Dirceu estava em Brasília. O presidente tinha
dado ordem para que os ministros permanecessem na Capital
Federal, em semi-prontidão, caso novos fatos surgissem
no front.
Como a temperatura baixou, num movimento inversamente proporcional
à intensificação dos movimentos carnavalescos,
Dirceu deixou Brasília rumo a São Paulo. No
domingo, almoçou com o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, na casa de praia deste, em Iporanga,
litoral paulista. Depois, retornou para São Paulo para
descansar com a família.
Bastos tem sido um dos ministros mais equilibrados e participou
de dois momentos cruciais: coube a ele, acompanhado do ministro
da Coordenação Política, Aldo Rebelo,
anunciar a exoneração de Waldomiro e a entrada
em ação da Polícia Federal para investigar
o envolvimento do ex-assessor da Casa Civil com um esquema
de cobrança de propinas.
As informações são
do Jornal do Brasil.
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