A demanda no mercado interno, a principal responsável pela queda de
0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, vai reagir
neste ano. Cálculo da LCA Consultores aponta alta de
4,1% no consumo das famílias e nos investimentos em
2004, após registrar queda de 3,2% em 2003.
A reação do mercado interno ocorre por conta
da expectativa de redução dos juros e da inflação,
do aumento da massa salarial e da expansão dos prazos
de financiamento, na comparação com 2003.
"A demanda doméstica deve crescer 4,1%, mas é
bom lembrar que em dois anos será um crescimento de
apenas 0,9%, o que é pouco para o país",
diz Francisco Pessoa Faria, economista da LCA.
Se somado ao consumo das famílias e aos investimentos
o consumo do governo, a demanda interna cresce menos neste
ano -3,4%-, segundo a LCA. Só o consumo das famílias
cresce 3,2%; do governo, 1,1%, e os investimentos (das famílias,
das empresas e do governo), 7%.
O setor de bens de consumo duráveis deve puxar a demanda
interna em 2004, segundo economistas. O crescimento nas vendas
se dará por conta da expectativa de queda da taxa Selic,
que deve ficar abaixo de 15% no final do ano (atualmente está
em 16,5% ao ano), e do aumento dos prazos de financiamento.
Hoje, o consumidor adquire um produto para pagar em até
12 meses, em média. A tendência é que
esse prazo estique ainda mais. No início do ano passado
era de até oito meses.
A expectativa da Eletros (Associação Nacional
dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), por
exemplo, é que, se o PIB crescer 3,5% -como estimam
alguns analistas-, a venda de eletroeletrônicos crescerá
4%.
"O mercado interno vai reagir, mas em cima de uma base
baixa. Se crescermos 3% ou 4%, não vamos a lugar nenhum",
diz Fernando Sarti, economista da Unicamp (Universidade Estadual
de Campinas). Para ele, o aumento da demanda doméstica
será reflexo do bom desempenho da agricultura e da
exportação, além dos gastos públicos
devido à eleição.
Sarti tem dúvidas se renda, emprego, juros e investimentos
serão mais favoráveis ao crescimento da economia.
"A renda ainda está em queda, o desemprego é
recorde, os juros estão muito elevados e os investimentos
são tímidos."
FÁTIMA FERNANDES
MAELI PRADO
da Folha de S. Paulo
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