O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um solavanco,
no limite da margem de erro, e perdeu um pouco de popularidade.
O chefe da administração, no entanto, teve sua
imagem totalmente preservada pelos 2.306 eleitores pesquisados
ontem pelo Datafolha em todas as unidades da Federação.
Em dezembro passado, o governo Lula tinha 42% de aprovação.
O percentual é a soma de respostas ótimo e bom.
Hoje, a administração petista tem a aprovação
de 38% dos eleitores -43% consideram o governo regular; 17%,
ruim ou péssimo.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve
sua imagem nos últimos meses, apesar dos indicadores
ruins da economia e do escândalo Waldomiro Diniz. Em
outubro passado, quando o Datafolha fez pela última
vez a pergunta sobre o desempenho pessoal do petista, ele
teve 60% de aprovação. Ontem, obteve percentual
idêntico.
No caso do governo, é possível dizer que houve
uma queda de popularidade. Ainda assim, é necessário
registrar que a variação se deu no limite da
margem de erro da pesquisa -que é de dois pontos percentuais,
para mais ou para menos. Em dezembro, com seus 42% de aprovação,
o governo Lula poderia ter de 40% a 44%. Os 38% da pesquisa
Datafolha de ontem podem ser, na realidade, 36% ou 40%. Se
estava no limite mínimo em dezembro e no limite máximo
da margem de erro hoje, o petista ficou no mesmo lugar -perto
de 40%.
É improvável, entretanto, que os extremos da
pontuação fiquem no limite da margem de erro.
O que se pode dizer com segurança é que esses
38% de aprovação do governo Lula são
o menor percentual de todo o mandato até o momento
-porém não muito distante do patamar de 40%
que foi seguido nos últimos 14 meses.
Estilo Lula
A preservação de Lula tem a ver com o estilo
de governo que ele adota, na opinião do diretor-geral
do Datafolha, Mauro Paulino: "A comunicação
do presidente com a população é muito
eficiente. As metáforas podem ser criticadas, mas ele
parece conseguir fazer a população entender
que as mudanças -mais emprego ou melhora na educação,
por exemplo- levam tempo. Talvez nenhum presidente tenha conseguido
ser tão eficaz desde a volta dos civis, em 1985".
A preservação da imagem positiva de Lula é
sólida e pode ser comprovada num cruzamento das respostas
entre os eleitores que conhecem o caso Waldomiro Diniz com
os que não conhecem. Tanto faz: o petista tem 60% de
ótimo e bom nas duas categorias para o seu desempenho
pessoal.
Essa estabilidade fica longe de se repetir quando se trata
do governo Lula -e não apenas do político Lula.
Entre os eleitores que tomaram conhecimento do episódio,
só 33% respondem que a administração
federal petista é ótima ou boa. Quando se isola
apenas os eleitores que não conhecem o escândalo,
a popularidade do governo sobe para 43%.
Apesar da preservação da sua imagem pessoal,
Lula está começando a ver sangrar alguns pontos
antes blindados de seu partido, o PT. Entre os petistas, a
popularidade da administração federal despencou
dez pontos: de 59% em dezembro para 49% no levantamento de
ontem.
Também já é possível notar que
os brasileiros que mais sentem a crise econômica, os
que vivem em grandes centros, estão menos satisfeitos
com o governo Lula. A administração petista
tinha uma aprovação de 37% nas áreas
metropolitanas em dezembro passado. Agora, o percentual de
aprovação caiu para 31%.
No interior do país, onde os indicadores econômicos
não são tão ruins por causa do bom desempenho
do setor agrícola, há 42% que consideram a gestão
Lula ótima ou boa -uma oscilação negativa
de dois pontos percentuais dos 44% de dezembro.
Em termos geográficos, a pior a avaliação
da administração federal está no Sudeste,
com 35% de aprovação, contra 39% em dezembro
passado. Mas foi na região Sul, onde o PT deteve por
alguns anos um importante governo estadual (Rio Grande do
Sul), que o revés foi mais acentuado: de 44% em dezembro
para 38% de aprovação agora -um recuo de seis
pontos.
FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S. Paulo
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