O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva convocou ontem uma reunião de emergência
para cobrar de 12 ministros mais agilidade no atendimento
às vítimas dos temporais que assolam o país
há dois meses. Lula decidiu fazer a reunião
por achar que o governo não está mostrando o
que vem fazendo nem agindo com a rapidez necessária
diante das enchentes que mataram 88 pessoas e deixaram 104
mil desabrigadas ou desalojadas.
Depois do encontro no Planalto, o ministro da Integração
Nacional, Ciro Gomes, fez uma prestação de contas
e prometeu que todos os desabrigados terão abrigo,
remédios, comida e água potável. Por
determinação de Lula, Ciro disse que o governo
vai ajudar a reconstruir as casas em áreas seguras,
mas não disse quanto dinheiro seria necessário
nem quem vai ceder os terrenos. Segundo ele, só o prejuízo
com a destruição das casas pelas chuvas chega
a R$ 99 milhões. Os dados do governo indicam 4.206
casas destruídas e 28.353 casas danificadas.
Ciro disse ainda que Lula determinou que nenhuma comunidade
atingida pelas chuvas fique isolada. O governo liberou apenas
R$ 32 milhões — R$ 26 para a Defesa Civil e R$
6 milhões para o Ministério da Defesa —
para ações de emergência. O ministro não
disse quanto vai custar recuperar as 51 pontes destruídas
e os 12 mil quilômetros de estradas danificados:
"Não há restrição de receita
para as ações de emergência. Não
faltarão comida, abrigo, remédio e água
potável aos desabrigados".
Ministro erra o número de vítimas
Ao anunciar os dados sobre as chuvas, o ministro
citou números defasados de vítimas. Falou em
50 mortos, quando na sexta-feira seu ministério já
informava que chegavam a 66 e ontem eram 88. Ao todo, são
104.325 pessoas atingidas pelas enchentes: 63.178 desalojadas
e 41.147 desabrigadas. E 111 feridos. Apesar de as chuvas
terem se tornado um problema há semanas, só
ontem o governo decidiu que o Ministério da Integração
Nacional coordenará as ações. Ciro disse
que a Defesa Civil está visitando todos os locais atingidos
em 15 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito
Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina,
São Paulo, Sergipe e Mato Grosso.
"O presidente quer muita agilidade. Nunca houve nada
parecido. Era impossível prever essas chuvas. A situação
está melhorando", disse Ciro, reconhecendo, porém,
que há previsão de chuvas mais fortes em março
e abril.
‘A Defesa Civil não existia’,
diz Ciro
Para a reconstrução das casas, Ciro
disse que está sendo feito um levantamento em cada
local atingido para estabelecer os custos.
"Há a determinação expressa do
presidente de não fazer a reconstrução
de qualquer casa em área de risco", disse Ciro,
anunciando a criação do Centro Nacional de Risco
e Prevenção, que estará funcionando em
60 dias.
"Até agora, a Defesa Civil não existia.
Era um balcãozinho para fazer varejo", disse ele.
Lula orientou o ministro da Educação, Tarso
Genro, a flexibilizar o calendário escolar nas áreas
atingidas. Participaram da reunião ainda os ministros
dos Transportes, do Planejamento, da Agricultura, da Saúde,
das Minas e Energia, do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, da Casa Civil, da Segurança Institucional, da
Fazenda e das Cidades.
As informações são
do jornal O Globo.
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