O governo elegeu nove regiões
metropolitanas (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife,
Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Belém, Porto Alegre
e Curitiba) e mais duas metrópoles regionais, o Distrito
Federal e o município de Manaus, para atacar de frente
os problemas habitacional e de saneamento do país.
Para construir novas moradias e melhorar a infra-estrutura
nesses locais, o que criará também mais empregos,
o investimento estimado pelo Ministério das Cidades
é de R$ 76,8 bilhões, a serem aplicados nos
próximos anos. Deste total, R$ 61,9 bilhões
são em novas unidades e R$ 14,9 bilhões, em
urbanização. Só na Região Metropolitana
do Rio seriam necessários R$ 16,3 bilhões. Já
em São Paulo, o gasto seria de R$ 22,1 bilhões
e em Recife, de R$ 7 bilhões.
Os critérios para a escolha das 11 regiões
metropolitanas foram déficit de novas moradias, número
de favelas e índice de violência (taxa de homicídios).
Segundo o ministro das Cidades, Olívio Dutra, essas
regiões terão prioridade na divisão de
recursos este ano. Serão beneficiados 209 municípios,
onde estão concentrados 32% da população
brasileira e 82% das favelas. O déficit habitacional
nessas regiões é de 2,192 milhões de
unidades e o número de casas em favelas é de
1,355 milhão.
"A violência é uma das conseqüências
da falta de moradia, da falta de urbanização
e do desemprego, principalmente nas regiões metropolitanas",
afirmou o ministro, acrescentando que os setores de habitação
e saneamento dão respostas imediatas para a criação
de empregos.
Segundo dados do governo, a cada milhão de reais investido
em saneamento é possível criar 161 vagas na
área de saneamento propriamente dita e 95,4 na construção
civil.
Plano de ação é entregue a Lula
O Plano de Ação em Regiões Metropolitanas
foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
há cerca de um mês, sob encomenda do próprio
Lula, como uma proposta para enfrentar o problema da violência
e gerar empregos. No documento, o ministério traçou
três cenários para os setores de habitação
e saneamento, de acordo com o desempenho da economia: o real,
o desejado e o que poderia acontecer com esses dois setores
se houver algum imprevisto e o governo for obrigado a fazer
novos contingenciamentos.
O ministério, no entanto, prefere não detalhar
essas previsões porque está negociando com a
área econômica a liberação de mais
recursos do Orçamento. Embora o governo tenha destinado
R$ 12,1 bilhões para habitação e saneamento
básico em 2004, a maior parte dos recursos vem de fundos
que têm regras específicas e precisam ser remunerados,
como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Com essas restrições, o governo não
pode aplicar o dinheiro como quiser. E o pior é que
79,7% do déficit habitacional estão concentrados
em famílias com renda de até três salários-mínimos,
que não têm condições financeiras
para pegar empréstimos.
Segundo o diagnóstico elaborado pelo ministério,
apesar dos esforços do governo, em 2003 67% dos recursos
investidos em habitação foram destinados às
famílias com renda acima de cinco salários-mínimos.
“Contudo, os esforços para direcionar os recursos
para a população mais carente esbarram tanto
na falta de financiamento de mercado para a classe média,
obrigada a disputar os recursos do FGTS, quanto nas restrições
de crédito às faixas de renda mais baixa”,
diz um documento técnico do ministério.
GERALDA DOCA
do jornal O Globo
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