O Brasil conseguiu cumprir em 2003,
com uma pequena folga, a meta de superávit primário
(receita menos despesas, excluídos os pagamentos de
juros) de 4,25% do PIB acertada com o FMI (Fundo Monetário
Internacional). É com o superávit primário
que o governo obtém recursos para pagar juros, impedindo
assim o descontrole da dívida pública.
Em 2003, o setor público como um todo --o que inclui
União, Estados, municípios e estatais-- conseguiu
economizar para o pagamento de juros R$ 66,2 bilhões,
o que representa 4,32% do PIB (Produto Interno Bruto, soma
das riquezas de um país).
O ajuste promovido no primeiro ano do governo Lula foi representativo.
Em 2002, o setor público havia registrado superávit
primário de R$ 52,4 bilhões, ou 3,89% do PIB.
Entretanto, o custo da dívida pública superou
largamente os esforços fiscais do governo. Em ano em
que os juros básicos da economia chegaram a 26,5% ao
ano, o setor público teve que desembolsar R$ 145,2
bilhões para o pagamento de obrigações
relativas à dívida. Isso representa 9,49% do
PIB ou quase 40% do Orçamento do ano passado.
Com isso, o país registrou déficit nominal
(receita menos despesas) de R$ 79 bilhões no ano passado,
ou 5,16% do PIB. Esse déficit impediu que a dívida
pública registrasse queda em 2003.
A dívida líquida do setor público cresceu
para R$ 913,1 bilhões ao final do ano passado. Em um
ano, os débitos cresceram de 55,5% para 58,2% do PIB
apesar da desvalorização do dólar --que
tem impacto positivo na dívida pública-- ter
ficado próxima a 20%.
JOÃO SANDRINI
da Folha Online, em Brasília
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