O número de casos de dengue
no país diminuiu 58,71% entre 2002 e 2003, de acordo
com boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde,
órgão executivo do Ministério da Saúde
responsável pelo controle de epidemias. As regiões
Norte e Sul, porém, registraram aumentos de 37,26%
e 26,95%, respectivamente.
O boletim considera, nos dois anos, as ocorrências
entre janeiro e novembro. Em 2002, foram registrados nesse
período 783.143 casos de dengue. No ano passado, esse
número caiu para 323.355.
O resultado atinge a meta estipulada no Programa Nacional
de Controle da Dengue, instituído em julho de 2002.
O documento estabelecia uma redução de 50% do
número de casos de 2002 a 2003 e, a partir de 2004,
uma queda anual de 25%.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde,
Jarbas Barbosa, os dados são favoráveis, já
que, apesar do aumento, as regiões Norte e Sul não
são expressivas diante do número total de casos.
Juntas, elas correspondem a 14,7% das ocorrências de
dengue no país. "O grande problema no Brasil são
as regiões Sudeste e Nordeste, devido a variáveis
como clima e urbanização."
O Sudeste, que em 2002 liderava o ranking com 383.025 casos,
registrou uma queda de 78%. O resultado se deve sobretudo
ao fim da epidemia de dengue que assolou o Rio há dois
anos. Na ocasião, foram registrados mais de 250 mil
casos. Em 2003, menos de 8.000.
Nesse cenário, o Nordeste assumiu a liderança,
com 159.995 ocorrências em 2003. Apesar de alto, o número
representa uma queda de 46,23% em relação a
2002. As exceções na região foram o Ceará,
onde houve um aumento de 66,9%, e o Piauí, que registrou
um crescimento de 9,15%.
No Sul, o Paraná concentrou 95% dos 9.547 casos da
região. O dado se deve a uma epidemia de dengue em
Londrina, no primeiro semestre de 2003. De acordo com o secretário,
a epidemia provavelmente foi causada pela chegada à
cidade de um tipo de vírus que não é
comum no local.
Existem quatro tipos de vírus da dengue. Se uma pessoa
contrair a doença, fica imune ao vírus que a
contaminou, mas permanece susceptível aos demais tipos.
Segundo o secretário, essa é a mesma justificativa
para o aumento registrado no Norte. No Amapá, onde
o aumento foi de quase 150%, foram registradas 5.778 ocorrências.
De acordo com Barbosa, o governo intensificou o combate à
dengue nos locais onde houve epidemia, com mutirões
de limpeza e inspeção de imóveis. Ele
disse que no Amapá o número de casos passou
de 550, em outubro de 2003, para 93 neste mês.
Em Londrina, o índice de infestação
por mosquitos é inferior a 1%, o que anula o risco
de uma nova epidemia neste verão.
AMARÍLIS LAGE
da Folha de S. Paulo
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