SÃO
PAULO - A vacinação contra a gripe das pessoas
com 60 anos ou mais começará no dia 17 de abril
em todo o país. O governo federal vai distribuir para
os estados 16,6 milhões de doses e espera imunizar
gratuitamente mais de 10 milhões brasileiros - pelo
menos 70% das pessoas desta faixa etária, que são
15,2 milhões. Como ocorre todos os anos desde 1999,
quando a vacinação começou a ser feita,
a expectativa é de que a meta seja superada mais uma
vez em 2004. Em 2003, foram vacinados 12,361 milhões
de habitantes.
O objetivo é que a meta de vacinação
seja alcançada em 80% das 5.561 cidades brasileiras.
O Brasil é o único país do mundo com
mais de 100 milhões de habitantes que tem um programa
de saúde pública deste tipo. A meta está
abaixo de índices já alcançados. No ano
passado, 93,1% dos municípios do país alcançaram
a meta estabelecida pelo governo federal.
Só não podem tomar a vacina pessoas com doença
febril aguda, com doenças neurológicas em atividade,
ou aquelas que têm alergia grave ao ovo. A vacina também
é indicada para crianças de 6 a 23 meses de
idade.
As doses oferecidas para a população brasileira
este ano já estarão atualizadas com a cepa análoga
ao vírus Fujian, subtipo do Influenza humano, que provocou
uma das mais graves epidemias de gripe no Hemisfério
Norte neste ano.
"Com certeza o Fujian já está no Brasil.
Se a população, principalmente a idosa, se conscientizar
que a vacina é o único modo de prevenir contra
a gripe e se imunizar contra a doença, poderemos evitar
problemas como os ocorridos nos Estados Unidos, que tiveram
a pior epidemia de gripe dos últimos 30 anos",
disse Jéssica Presa, gerente médica do Grupo
Aventis Pasteur, que fornece a matéria-prima da vacina
ao Instituto Butantan de São Paulo.
Jéssica lembra que a gripe, provocada pelo vírus
Fujian, atingiu o Hemisfério Norte mais precocemente
este ano, com dois meses de antecedência. Por ano, morrem
no mundo de complicações resultantes de gripe
cerca de 1,5 milhão de pessoas.
"Nos últimos 20 anos, a gripe matou no mundo
a mesma quantidade de pessoas vítimas de Aids",
salientou o médico geriatra João Toniolo Neto,
reforçando a necessidade de a população
com 60 anos ou mais tomar a vacina.
Por meio de uma parceria com o francês Aventis Pasteur,
cada vacina custará para o governo brasileiro R$ 6,
o que significa que todo o material utilizado na campanha
sairá por cerca de R$ 99 milhões. Numa clínica
particular, a vacina custa a partir de R$ 40.
"Com o acordo entre a Aventis e o Butantan, o Ministério
paga 50% menos do que pagaria", afirmou o presidente
da Fundação Butantan, Isaias Raw, acrescendo
que as despesas com a campanha são compensadas com
a economia de recursos em hospitais.
A partir de 2006, quando o Instituto Butantan será
capaz de atender sozinho a demanda de vacinas contra gripe
do Ministério da Saúde, o país poderá
economizar ainda mais na realização da campanha
de vacinação. Desde 2000, o Aventis Pasteur
vem transferindo sua tecnologia na produção
do medicamento ao Butantan.
Para produzir o necessário para imunizar a população
do país, o governo federal investirá R$ 34 milhões
em equipamentos, que serão instalados em uma fábrica
construída no instituto com recursos do estado de São
Paulo, estimados em R$ 16 milhões - investimento total,
dos governos federal e estadual, de R$ 50 milhões.
"A transferência de tecnologia é completa.
A Aventis vai acompanhar o processo até o instituto
passar a produzir as vacinas", completou Raw.
Atualmente, o Instituto Butantan recebe a matéria-prima
da Aventis e se responsabiliza pelo controle de qualidade
e envasamento das doses. Em 2003, o instituto já fabricou
200 mil doses.
As informações são
do Globo Online.
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