A alta no nível de água dos reservatórios das usinas hidrelétricas
no Nordeste, provocada pelo aumento das chuvas, fez a Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica) suspender
a cobrança do seguro pela geração de
energia de termelétricas na região, que vinha
ocorrendo desde janeiro. A alta no nível de água
elevou a capacidade de geração de energia.
Embora o encargo de aquisição de energia emergencial
-como era conhecido esse seguro- fosse cobrado para pagar
a energia extra para o Nordeste, o seu custo era dividido
entre os consumidores de todo o país. Sua cobrança
provocou um alta média de 1,9% na conta de luz no mês
passado.
O seguro havia sido acionado no final de dezembro, quando
o nível dos reservatórios na região Nordeste
estava em aproximadamente 14%. O ONS (Operador Nacional do
Sistema Elétrico) chegou a acionar 21 usinas do seguro,
que chegaram a gerar cerca de 700 MW médios. Na segunda-feira,
o nível já estava em 35,37%.
Está praticamente descartado o uso dessas usinas em
fevereiro. A cobrança pela energia gerada nas usinas
do seguro pode voltar caso falte água novamente nos
reservatórios. Até o final de abril, fim do
período chuvoso, será preciso ter armazenado
pelo menos 40% da capacidade desses reservatórios.
Devido à necessidade de geração das
usinas do seguro, a Aneel aumentou as tarifas dos consumidores,
em média, em 1,9%, em janeiro, com a criação
do "encargo de aquisição de energia emergencial".
O encargo, de R$ 0,0047 por kWh/mês, estava sendo pago
por todos os consumidores que gastam acima de 350 kWh/mês.
Segundo as regras do seguro antiapagão, os consumidores
pagam pelo aluguel das usinas e pela geração.
O aluguel das usinas -especificado na conta de luz como "encargo
de capacidade emergencial"-, cobrado desde março
de 2002, não terá alterações.
O aluguel custa R$ 0,0085 por kWh/mês (R$ 4,25 em uma
conta de 500 kWh, sem imposto).
As tarifas de energia terão reajustes maiores neste
ano devido ao aumento do gasto com subsídio à
geração termelétrica e incentivo de energia
alternativa (como eólica). Com subsídio à
geração termelétrica, deverão
ser gastos cerca de R$ 2,9 bilhões e, com energia alternativa,
R$ 1,4 bilhão.
Isso significa que, na data normal dos reajustes de cada
distribuidora, o aumento será 1,75% maior por causa
do subsídio às termelétricas e 0,79%
em razão do subsídio à energia alternativa.
HUMBERTO MEDINA
da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília
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