BRASÍLIA.
A medida provisória que estabeleceu em R$ 260 o novo
salário-mínimo recebeu mais de 80 emendas na
comissão mista criada anteontem por pressão
da oposição. Parlamentares da base aliada, inclusive
do PT, protocolaram emendas com valores que variam de R$ 280
a R$ 303. PFL e PSDB também apresentaram emenda conjunta,
mas com um reajuste menor: R$ 275.
Apesar de tentar evitar o funcionamento da comissão
do mínimo, na noite de anteontem, o presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), aceitou acordo feito entre
os partidos da base e os da oposição, que desistiu
de obstruir a votação das oito medidas provisórias
que trancam a pauta. A base concordou em expor o voto durante
a apreciação da MP do mínimo. Serão
duas votações nominais: uma sobre o valor de
R$ 260 e outra sobre a retroatividade do aumento a abril.
A oposição quer fazer painéis para exibir,
na campanha eleitoral, o nome de quem votar contra um aumento
maior.
Pelo menos 20 deputados petistas assinaram as três
emendas de correligionários que reajustam o mínimo
para R$ 280 (de autoria da deputada Doutora Clair), R$ 295
(tendência Articulação de Esquerda) e
R$ 303 (US$ 100, do senador Paulo Paim). O líder da
bancada, Arlindo Chinaglia (SP), afirmou que os parlamentares
são responsáveis pelas emendas, e que a bancada
votará unida.
"A bancada é solidária e vota os R$ 260.
A não ser que haja alteração combinada
com o governo", resumiu Chinaglia.
A decisão foi tomada ontem, em reunião da bancada
que debateu o mínimo por três horas. Segundo
o deputado Chico Alencar (RJ), 80% das intervenções
mostraram a insatisfação da bancada. Os deputados
também cobraram negociação com os senadores
para o governo não voltar a impor na Câmara os
R$ 260, e depois ceda a um valor maior no Senado.
À noite, a bancada do PCdoB apresentou duas emendas.
A primeira propõe reajuste para R$ 280, apresentando
como fonte principal o aumento da arrecadação
com Imposto de Renda, Cofins, CSLL, Cide e PIS-Pasep em relação
ao ano passado. A segunda propõe uma política
permanente de reajuste do mínimo, que a partir de 2005
seria feito pela variação nominal do Produto
Interno Bruto (PIB) ou pelo INPC.
A emenda da oposição, que estabelece a retroatividade
do aumento a abril deste ano, também apresenta o aumento
de receita de R$ 1,2 bilhão relativa a março
e abril como fonte do aumento de R$ 35 para o mínimo.
Segundo a justificativa, o governo terá uma receita
não prevista no orçamento de R$ 7,5 bilhões
este ano e as despesas chegariam a R$ 5,35 bilhões,
resultando numa sobra de R$ 2,15 bilhões, que cobriria
o reajuste maior do salário-mínimo.
As informações são
do jornal O Globo.
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