SÃO
PAULO - A terceira edição da Feira Internacional
de Segurança Pública (Interdefesa), que termina
nesta sexta-feira na capital paulista, deverá gerar
negócios da ordem de R$ 1 bilhão, o que representa
um crescimento de 150% em relação ao evento
realizado no ano passado (R$ 400 milhões), segundo
a empresa organizadora, a Alcântara Machado. De acordo
com o diretor de companhia José Danghesi, o crescimento
expressivo é motivado principalmente pelas compras
dos governos estaduais, que estão aparelhando suas
polícias.
Para se ter uma idéia do volume de transações
financeiras realizadas em uma semana, o montante representa
um sétimo do que gasta, por ano, o estado de São
Paulo na área de segurança (R$ 7 bilhões),
a unidade da federação que mais investe no setor.
Nesta quinta-feira, por exemplo, os comandantes das polícias
militares dos 27 estados estiveram reunidos em São
Paulo, conhecendo o que há de novo no setor. Danghesi
considera que o segmento poderia ter um desempenho ainda melhor
se a economia estivesse crescendo e se o governo federal repassasse
mais recursos para serem investidos pelas secretarias de segurança.
Uma prisão "contêiner" que impede
a escavação de túneis pelos presos e
computadores de bordo de viaturas policiais estão entre
as inovações que os representantes de governadores
puderam acompanhar na Interdefesa, onde mais de 90 empresas
e marcas expuseram seus produtos. Aparelhos celulares que
criptografam a fala, impedindo "grampos", já
utilizados por policiais de alguns estados brasileiros, também
foram apresentados no evento.
Em termos de informática destinada à segurança
pública, um computador de bordo da Motorola instalado
em viaturas está entre as vedetes da feira. O equipamento,
utilizado desde o ano passado em carros policiais da Paraíba
- a única do país que conta com o equipamento
-, permite ao PM levantar toda a ficha criminal de um suspeito,
acessando a base de dados da polícia. De acordo com
o gerente de produtos da empresa Jose Vasquez, o aparelho
ainda tem a vantagem de ser mais resistente do que um convencional,
suportando umidade e poeira, por exemplo.
"Já desenvolvemos uma interface que permitirá
no futuro acessar o Infoseg (base de dados nacional da polícia).
Além disso, o computador permite aos policiais trocar
mensagens pela Internet, tem acesso à intranet da polícia,
além de chat, o que garante sigilo das táticas
militares", afirmou Vasques, salientando que o sistema
impediria que a freqüência de rádio da polícia
fosse captada, permitindo a fuga de bandidos, como ocorreu
na quarta-feira, em São Caetano do Sul, onde os criminosos
que assaltavam um prédio conseguiram fugir ao saberem
que a PM estava a caminho.
Segundo o representante da Motorola, o estado do Pará
também já se mostrou interessado em instalar
o computador de bordo nas viaturas, por causa do sucesso obtido
na Paraíba. Ele afirmou ainda que estados com um número
menor de policiais tem uma vantagem em relação
aos que contam com um grande contingente, como São
Paulo e Rio de Janeiro, uma vez que o investimento é
menor. Ele não quis falar em custo do produto, pois
varia de acordo com o tamanho da encomenda. A Paraíba,
destacou, já conta com cem unidades e encomendou mais
50.
"Isso mostra a eficiência do produto", afirmou
ele, acrescentando que a PM de São Paulo, nas cidades
de Campinas, São José dos Campos e Santos, já
trabalha com radiocomunicadores produzidos pela empresa que
criptografam a comunicação.
Outra novidade da feira é uma unidade carcerária
modular, fabricada pela Eurobras, especializada na fabricação
de contêineres marítimos. A principal vantagem
dessa cela é que ela impede fugas por túneis,
pois é fabricada com chapas de aço "corten",
o mesmo usado no setor naval. Aliás, a prisão,
com capacidade para quatro pessoas, parece mesmo um contêiner.
Segundo o vendedor Patrick Cassiano de Oliveira, vários
secretários de administração penitenciária
e comandantes da Polícia Militar já demonstraram
interesse pelo produto, avaliado em R$ 40 mil (unidade).
De acordo com Oliveira, a prisão modular pode até
ser empilhada. O projeto estrutural da cadeia permite que
até quatro módulos sejam empilhados. A unidade
carcerária é revestida de sensores computadorizados
que indicam ao carcereiro quando há qualquer tentativa
de fuga. Além disso, por ser feita de um material anticorrosivo,
tem durabilidade de mais de 30 anos.
O gerente da Motorola apresentou ainda um computador de mão
que, utilizando tecnologia "wireless", permite ao
policial preencher uma multa de trânsito e emiti-la
instantaneamente, já com as assinaturas do infrator
e do policial digitalizadas. Na Flórida (Estados Unidos),
onde as carteiras de motorista são parecidas com um
cartão magnético, a autoridade não precisa
preencher a multa, pois o banco de dados é instantaneamente
acessado e recupera todas as informações necessárias
assim que o cartão é passado no aparelho.
As informações são do Globo Online.
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