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era tecnológica
09/01/2004
Gasto com internet supera o com arroz e feijão

As famílias brasileiras já gastam mais com provedor de internet e assinatura de TV do que com dois itens básicos da mesa nacional: arroz e feijão. Os aumentos de preços fizeram o brasileiro gastar mais com alimento e tarifas públicas, sobrando menos dinheiro para despesas com lazer e saúde.

É o que revelam os dados da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) 2002/2003, divulgados ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Somados, arroz e feijão participam com 1,30% do orçamento familiar. Já os gastos com internet e TV por assinatura representam 1,49% do consumo.

A FGV já pesquisava os gastos com esses dois itens em 1999/ 2000 (última pesquisa), mas a importância deles no orçamento cresceu muito. As despesas com internet aumentaram cerca de 11 vezes, de 0,048% para 0,58%. Já as com TV por assinatura cresceram de 0,40% para 0,91%.

Enquanto os gastos com saúde, que representavam 12% do orçamento em 1999 e 2000, caíram para 10,4%, os com alimentação subiram de 25,1% para 27,5%. Ou seja: a cada R$ 100 do orçamento de uma família, R$ 10,4 vão para despesas de saúde, e R$ 27,5 para alimentação.

O grupo de produtos e serviços que mais pesa é habitação: 31,8%, percentual pouco maior do que o registrado na última pesquisa (31,1%). De 1999/2000 para 2002/ 2003, não se alterou a ordem dos grupos responsáveis pelas maiores fatias do orçamento doméstico: habitação, alimentação, transportes, saúde, educação, leitura e recreação e despesas diversas.

Dólar
Segundo André Braz, economista da FGV, a alta do dólar é a principal razão para os maiores gastos com comida e tarifas.

Sob o impacto da alta do dólar em 2002 e 2003, subiram os preços de itens como farinha, biscoitos, óleo de soja e massa. "Foi um efeito do dólar, que pressionou certos produtos", disse. A elevação dos preços de alguns itens desse grupo foi a responsável pela maior participação dos alimentos no consumo familiar.

De setembro de 1999 a outubro de 2000 (período de coleta da POF), a inflação do grupo alimentos foi de 8,53%. A taxa foi muito mais alta de setembro de 2002 a outubro de 2003: 22,03%.

Embora os gastos com habitação tenham ficado praticamente estáveis, dentro desse grupo as despesas com tarifas públicas cresceram de 10,86% para 13,76%. As que ganharam mais peso no orçamento foram energia, telefone fixo, celular e gás de botijão.

"Nesses casos, também há impacto do dólar", disse Braz. As tarifas são corrigidas pelos IGP's, que, por medirem preços no atacado, sofrem mais influência da moeda norte-americana.

De 1999 a 2003, as tarifas tiveram altas expressivas. A energia subiu 136%. O gás de botijão, 220,6%. O telefone fixo, 75,4%.

Os gastos com saúde caíram por causa do menor consumo de medicamentos, cujo peso passou de 2,8% para 2,2%. Para Braz, as principais razões para isso foram a queda da renda e o controle de preços dos remédios pelo governo. "O rendimento menor explica a queda do consumo de todos os produtos que perderam participação no orçamento das famílias", afirmou Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV.

Também perdeu peso o grupo transportes, graças à retração das vendas de veículos novos e usados, que recuaram de 2,52% para 0,61%. Com a alta do preço dos combustíveis, as despesas com transporte urbano cresceram, passando de 3,53% para 4,76%. Com a retração das vendas de veículos e do rendimento do trabalhador, caiu a participação dos combustíveis no orçamento familiar -de 4,65% para 3,99%.

Obrigadas a cortar supérfluos, as famílias reduziram gastos com recreação, que caíram 3% para 2,6% do total do orçamento, e com leitura, que caíram de 0,58% para 0,43%.


PEDRO SOARES
da Folha de S. Paulo, sucursal do Rio

   
 
   
 

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